Gratidão, 2016
Gratidão.
Foi a palavra que se popularizou no ano de 2016. Virou legenda de fotos, resposta a comentários, tatuagem em diversos estilos e em diferentes peles. Virou a palavra de vida de muitos, uma filosofia adotada por tantos.
Procurando o significado da palavra por aí, encontrei que ela é sentimento de dívida, reconhecimento por alguém ter feito algo, emoção por saber que alguém fez uma boa ação.
Quero criar um significado novo aqui e desejo que ele seja usado no ano que vem chegando, em branco, novos dias para vivermos e fazermos deles o que quisermos.
Que a gratidão seja o mais puro sentimento de agradecimento. É muito simples, eu sei. E é pra ser.
Que nesse ano que chega, sejamos gratos ao acordar, por termos um teto sobre nós, comida na mesa, amigos, família, saúde, emprego, felicidade, amor. E ainda que nem tudo dessa lista esteja presente, que sejamos gratos pelo que temos. A vida por si só é uma benção, com suas dificuldades e limitações.
Que em meio a tanto caos, tanta maldade, atrocidade, ódio, guerras políticas e ideológicas, sejamos gratos por termos um bom coração que consegue ver o bem e o ponto de luz na escuridão.
Que possamos levar amor por onde passarmos. Que possamos sorrir mais, estender mais a mão, emprestar mais o ombro. Que possamos ser ouvidos, antes de sermos palavras. Que possamos ser “likes” na vida real e demonstrar aos outros o quanto os admiramos. Que tenhamos a humildade para escutar opiniões alheias e a sabedoria para as entender, ainda que discordando.
Que a gratidão sirva para fazer de nós pessoas melhores e que não seja apenas mais uma palavra bonita, mas que se transforme na mais singela atitude.
Esse ano levou embora grandes pessoas, comovendo não só o Brasil, mas o mundo todo. Nesse ano a natureza mostrou mais uma vez a sua força e abalou diversos lugares. Nesse ano, muitos seres humanos mostraram a capacidade para a maldade que têm através de guerras, assassinatos, espancamentos, atendados, violência contra as mais variadas pessoas e animais. Esse ano desmascarou “gigantes”. Nesse ano muita lágrima caiu, como cai todos os dias onde não enxergamos. Nesse ano o mundo gritou por socorro através dos rostos de crianças do Oriente Médio, de jovens mortos em favelas, dos refugiados mortos a caminho da liberdade, daqueles que deixaram o sonho no céu ou debaixo das águas e de tantas outras formas.
Mas esse ano também exaltou a população, mostrou o poder da união, da fé e o bem que ainda existe na humanidade. Mostrou que a vida é um sopro e termina assim, antes da metade, no meio do segundo ato, sem despedidas, quando menos se espera e que sempre dói. Sempre dói.
Então, sejamos gratos pelo tempo. Que passa mas marca. Sejamos gratos por cada momento e façamos valer à pena cada segundo, pra valer mesmo, pra ser. Que não contemos os minutos para ir embora de algum lugar, mas que aprendamos ao máximo o que cada lição pode passar.
Que desliguemos mais os celulares para olhar nos olhos de quem está a nossa frente. Que nos façamos realmente presentes, além das fotos que tiramos para mostrar com quem estamos. Que abracemos mais os nossos pais, que cuidemos mais de nossos avós, que valorizemos mais nossos amigos, quem nos dá abrigo sem cobrar nada em troca.
Que tenhamos mais consciência da alma, do poder da palavra, da cura que uma atitude pode proporcionar, que saibamos perdoar e seguir em frente, sabendo que estamos todos sujeitos a erros e não temos o poder de condenar, mas temos o poder de ouvir e conversar.
Que possamos olhar para dentro de nós e que antes de qualquer palavra a ser dita, qualquer ação a ser tomada, escutemos o coração do outro, que também é um pouco nosso. Que a consciência de que somos um desperte em todos e que as diferenças sejam amenizadas por um só fator: amor.
Gratidão.
Que seja a atitude dos anos que estão por vir. Que seja a voz da batida de cada coração e que se transforme em oração, que salve a nação através de cada mão que ao invés de apedrejar, se junta em frente ao peito e agradece, salvando a si e ao irmão.
Que o ano que chega seja um ano feliz, um ano de luz e que ao invés de exaltar o ruim, saibamos ser gratos por tudo o que há de bom.
Gratidão, 2016.
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