Minha filha não é uma princesa
Princesas nascem sabendo que – provavelmente – nunca precisarão se sustentar. Sorrisos e tchauzinhos lhe garantirão passagem. Revistas lhe darão as capas apenas por ela ser filha da rainha. Obviamente pessoas que nascem com essa patente têm a oportunidade de fazer coisas bem legais para o mundo. Têm o poder de influenciar e repassar valores de bem.
Acredito que nenhuma de vocês que está lendo esse texto é uma princesa. Poder ser aquela besteira de ‘princesa do papai’ ou da mamãe. É a forma de criação deles. Não tenho o direito de invalidar isso; meu único direito é pensar ao meu modo.
Na minha opinião já podemos dar um basta nessas histórias da Disney de príncipes que resgatam suas amadas de seqüestros armados por terríveis vilões. O vilão de 2013 é a falta de informação e de vontade de pensar, não a madrasta com o espelho falante. Fazer meninas acreditarem em príncipes encantados pode ser bonitinho no curto prazo, mas fará dela uma mulher que sempre procurará algo que não existe. Acredito que precisamos criar filhos para as verdades e prepará-los para as mentiras. O que tem por aí é homem com defeito, com problemas e algumas soluções, não com cavalo branco.
Minha filha terá o direito de amar incondicionalmente homens, mulheres; quem ela quiser. Ela terá o direito de fazer escolhas e será respeitada em cada uma delas. Conselhos do papai e da mamãe não faltarão. Na criação de novos seres humanos, quando se tratam de escolhas, não podemos confundir sugestão com ordem. Uma coisa é impedir o filho de ir para a balada naquela noite, outra coisa é impedi-lo de ser feliz escolhendo a profissão que ele quiser.
Em um futuro próximo a Alice talvez não precise e nem queira que abram as portas do carro, ela irá preferir ver seus amores abrindo a mente e fazendo brinde à poesia.
Vale lembrar que ela também terá deveres. Deverá dar continuidade à proposta de respeito que temos repassado para ela. Deverá buscar uma forma de sustentar a sua futura casa e a alma. Dar carinho é diferente de dar ilusões de mundo perfeito. Fantasiar com histórias e estimular a mente de uma criança é diferente de fazê-la acreditar que Barbie é um estilo de vida. Barbie é boneca, vida é tapa na cara.
A minha filha não é uma princesa, ela é uma menina que –espero – torne-se uma mulher com ‘M’ maiúsculo.
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