“Missão madrinha de casamento”, um filme em que gargalhar é inevitável
“Missão Madrinha de Casamento”, essa comédia sobre matrimônios é quase uma porção mística sobre as complicações entre o mundo das amigas. Annie Walker (Kristen Wiig) é convidada para ser uma das cinco madrinhas de casamento da amiga Lilian (Maya Rudolph) num momento conturbado de sua vida pessoal.
Annie é apresentada no meio de uma cena de sexo. A partir disso, já temos um traço inteligente e tragicômico do que está por vir. O desconforto dentro do mito da satisfação obrigatória. Ela só se realiza quando está no controle. Essa cena também denuncia um contra-fator que desenha muito da personalidade da protagonista, uma mulher fora do padrão de cuidados estéticos exigido pelo universo “estou de bem comigo”. Isso é mostrado com ambiguidade já que Annie se comporta de maneira arrogante e forja uma postura segura em relação à vida.
Quando conhecemos as outras madrinhas, o longa ganha um fermento de humor envolvendo situações comparativas engraçadas na direção comportamental. Helen (Rose Byrne), a amiga elegante, em especial funciona como um polo avesso, trazendo situações divertidas e inteligentes, antagonizando a evolução da trama a partir de seu conflito com Annie.
O filme é acusado de abusar das piadas, mas é justamente esse rasgo cômico que faz de “Missão madrinha de casamento” uma comédia relevante (muitos dizem que é a versão feminina de “Se beber não case”). Num justo lugar, uma economia inventiva não caberia em sua estrutura tão cheia de exageros propositais típicos do humor norte-americano, como a cena do banheiro em que todas vomitam por conta de uma infecção alimentar num restaurante bastante suspeito e a despedida de solteiro que já começa com confusões a partir do avião.
Se por um lado o filme avança quase que pelo caminho contrário à sororidade, a abordagem da inveja, competição e golpes afetivos passa perto de diversas situações caricatas pertinentes ao universo das amizades entre mulheres. A face superficial se revela em grau ampliado, para que no fim possamos rir do que tem remédio, mas naquele contexto passar mal é o próprio alívio medicinal.
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