Mulheres que você deveria conhecer: Charlotte Rampling
Existem mais de 7,2 bilhões de pessoas no mundo. Sim, todas elas são especiais de um jeito próprio e único. Ok. Mas vamos combinar, existem pessoas que levam suas vidas com um “algo a mais”. Pessoas, sejam elas cidadãs comuns ou não, mas com histórias de vida tão interessantes que é de utilidade pública contar para todo mundo.
Enfim, inicio esse novo quadro com a vida de uma atriz. Não poderia falar sobre alguém que não fosse um artista. Isso porque artistas já não são mais pessoas comuns. Ao entrar em contato com a arte, é impossível não se transformar e conseguir levar a vida de um jeito morno e insosso.
Ela há décadas desafia convenções sem medo nenhum de sua sexualidade. No cinema já viveu uma sadomasoquista e uma mulher que se apaixona por um macaco. Para quem é fã da série Dexter, já conhece a atriz que instiga o serial killer. Então, vamos conhecer a dama do cinema, Charlotte Rampling?
Ela tinha tudo para ser alguém banal. Nasceu no interior da Inglaterra, filha de coronel do exército, estudou em colégios tradicionais da elite européia. Parece uma biografia chata sobre a burguesia. Mas não é. O que teria então Charlotte Rampling de tão extraordinário?
Bem, ela se transformou de filha de militar a símbolo sexual do cinema com apenas vinte e pouco anos. Suas escolhas poderiam ter sido fáceis e teria levado uma vida tranquila, mas resolveu construir uma carreira nada óbvia. Passou de modelo a atriz e sempre viveu papéis controversos e sexualmente explícitos para viver no cinema. Seu primeiro filme importante foi Os Deuses Malditos, obra-prima anti-guerra de Luchino Visconti. Anos mais tarde, protagonizou o longa dirigido por Liliana Cavani, O Porteiro da Noite. Charlotte não teve receio algum e mesmo com uma aparência juvenil e inocente, encarnou uma sobrevivente de campo de concentração que desenvolve uma relação sado-masoquista com seu antigo carrasco. O filme, proibido nos EUA pelas cenas bizarras de nudez e sexo, logo virou ícone Cult.
A marca registrada de Charlotte é o seu olhar gélido. Ele inclusive tem um apelido próprio “The Look”. E como uma mulher com olhar distante pode ser tão intrigante? O que se sabe é que esse mesmo olhar deu origem a um verbo inspirado em seu nome, “to rample” em inglês que significa algo como “tornar alguém impotente com uma espécie de frieza e sexualidade indescritível.” Achou pouco? Bom, a banda inglesa Kinky Machine compôs uma música com o nome de Charlotte. No refrão a frase marcante: “eu sempre quis ser o seu trampolim”.
Quando jovem, Rampling tinha um estilo sexy masculinizado e por isso chamava tanta atenção. A moça de olhar misterioso, distante e frio chocou o mundo algumas vezes e chegou até a ser repreendida pelo Papa. E mesmo aos 62, Charlotte Rampling continuou provocativa. Estrelou o livro de fotografias “Luis XV” do alemão Juergen Teller em que ele aparece nu em quase todas as imagens. O livro foi classificado como um conto intimo de luxúria quase obsceno.
Não evidencio aqui no blog a sua carreira por esses fatos. Não sou daquelas que acredita que devemos “chocar” o tempo inteiro. O que admiro em Charlotte é seu jeito “cool” e natural em desafiar convicções sociais simplesmente por fazer aquilo que acredita. Ela mesma mencionou em entrevista que na época do filme O Porteiro da Noite não fazia ideia do que estava acontecendo. Fazia apenas o que lhe era natural. Fica aí a minha admiração. A arte choca. E chocar não é uma questão de rebeldia, mas apenas de viver independente dos outros. Os outros não tem importância. A vida corre dentro de si.
Charlotte Rampling e Juergen Teller no livro “Luis XV”
Charlotte em cena no filme “O Porteiro da Noite”
ainda com visual inocente
Charlotte em cena no filme “O Porteiro da Noite”
já com visual sadomasoquista
Charlotte quando jovem e nos dias de hoje
Ela é linda, charmosa e sensual.