Na dúvida de por qual caminho seguir, eu crio o meu
Só queria entender qual botão do peito apertar para parar de sentir tanta coisa em níveis altos, extremamente exagerados. Eu só queria que meu coração não vivesse de extremos. Feliz demais, triste demais, preocupado demais, inquieto demais, assustado demais, frustrado demais. Eu sou demais. Sempre demais. Eu nunca, nunca e em hipótese alguma sou de menos. Ou sequer intermediário, quando se trata de sentimentos.
Confessando assim, à queima roupa, que sou um poço de exageros, deixo claro (ainda que subjetivamente) que já me machuquei – demais – por este mesmo motivo. É que ainda, mesmo depois de tudo que já vivi, não aprendi a controlar os meus picos. Na verdade, parece que sinto demasiadamente. Por mim e por você. Sinto pela torcida do flamengo toda.
Mas como vive alguém que não sabe lidar com seus próprios exageros e diariamente mete os pés pelas mãos na tentativa de acertar uma bola dentro, como se o gol representasse a felicidade, e a vida, a própria bola? Essa é a pergunta que me faço todas as noites, antes de dormir, mas nunca obtenho resposta.
Nesta busca louca por tentar me frear, conter meus excessos, acabei por me acostumar, ou melhor, por me mal acostumar com uma coisa pouco certa – entregar a minha felicidade, a realização dos meus sonhos nas mãos de outras pessoas. É que talvez o outro consiga não pesar na mão na hora de seguir à risca os caminhos que podem me levar a ser feliz. Só que agora, depois de descobrir esta minha nova mania, vivo além de tentar me conter, de esperar que os outros, os que têm os instrumentos necessários, os dons ou a boa vontade, supram as minhas necessidades.
Mas como vive alguém que não sabe lidar com os próprios exageros e entrega suas vontades nas mãos de outras pessoas dando a qualquer outro alguém a possibilidade de lhe fazer feliz? Queria poder te responder isso também. Queria poder dizer exatamente as melhores palavras para o meu coração, na esperança de que ele parasse de acelerar, de saltar, de me esbugalhar os olhos de medo, susto ou expectativa de que tudo, finalmente, dará certo.
Eu sinto demais. Sinto muito. Por mim e por você. Pela torcida do Vasco toda. E por ser assim, acabo entregando nas mãos de qualquer um a obrigação de me fazer feliz. Só que nunca dá certo. Só que nunca sai como eu espero ou na hora que eu quero. Acho que, das duas, uma: ou a vida quer me ensinar a sentir de menos ou a esperar menos do outro e confiar mais nos meus exageros. De qualquer forma, sem saber a resposta, vou tentar seguir um meio termo. Na dúvida de por qual caminho seguir, eu crio o meu.
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