Nada é para sempre, cuide do que você já conquistou
Eu já não tinha mais nada para dizer. Algumas coisas ficam muito melhores guardadas dentro da gente. Não adianta gritar, não adianta espernear, não adianta, às vezes, conversar, dar uma segunda, terceira chance. O amor é o grande e único, talvez, responsável por suportar e sustentar certas coisas, mas até ele, o mais denso e resistente dos sentimentos, também chega ao fim. Se quebra. Se parte e nada mais consegue juntar as metades. É cada um para o seu lado.
Começamos e fomos felizes durante muito tempo como poucos casais. Diziam que nós nascemos para ficar juntos. Confesso que, por meses, acreditei nisso. Mas parece que depois, alguma coisa se perdeu. Alguma coisa se quebrou. Desandou. E eu já não sei onde errei, já não sei o que poderia ter feito diferente… Agora tanto faz, parece que você já cumpriu sua missão na minha vida. Que eu já aprendi a minha lição.
Sei lá, parece que uma hora o sofrimento te deixa mais esperto, consegue entender? É como se as lágrimas fossem dicionários, enciclopédias inteiras, que ao se esvaírem, vão deixando visíveis certas informações. Imagine o que não ficaria à mostra se secassem os oceanos? Tudo bem, os peixes e outros milhões de seres vivos morreriam, mas não é essa a questão – imagina quantos navios não teriam histórias para contar se pudessem ser vistos de novo depois do secar do mar?
Depois da primeira fase, depois do primeiro impacto, depois dos primeiros segundos sem ar desde que você se foi, consegui entender, aceitar e até ter argumentos mais plausíveis para recusar certas coisas. Certas ações tuas. Eu me doei demais. Acho que no amor, no jogo e até nas amizades, precisa haver um meio termo. Por mais que digam por aí que a gente não tem que focar no retorno, é isso que nos aquece o coração. São pequenos gestos, pequenas demonstrações de reciprocidade, de amor, são pequenas amostras de – ei, tô aqui para você, viu? Esquece não.
Esquecemos. Com o passar dos dias dentro de um amor, acabamos nos esquecendo de valorizar as pequenas coisas. É que tudo já foi conquistado. Todo o terreno já é nosso. Não existem mais batalhas, não existem mais áreas a serem exploradas… É assim que começamos a dizer adeus sem notar: vamos indo embora quando achamos que já temos todos e mais alguns motivos para ficar porque tudo ali é nosso. Mas qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, sem manutenção, cai. Os dentes apodrecem, as plantas secam, os prédios desmoronam e os amores acabam.
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