Tudo sobre o filme Ninfomaníaca
Ninfomaníaca segue uma rota confessional ousada: uma mulher é achada com ferimentos em uma rua deserta por um senhor erudito que entende bastante de pescaria e que a leva para sua casa no intuito de ajudá-la a se recuperar. Embarcamos então por um travelling de lembranças desde sua infância, assistimos a disputas lúdicas, competições sexuais entre amigas, e cultos de louvor a vulva, temos acesso a uma intimidade tão familiar quanto excêntrica que aos poucos vão abordando a gênese do tema.
Nos deparamos com o rito banal e desajeitado da experiência da primeira vez, a busca por sentidos de conexão, e uma surpreedente competição declarada contra o amor: a partir daí vamos entendendo que o filme não vai apenas retratar torridas cenas de sexo com nus frontais sem proposta aparente. Ali a protagonista vai se desnudando e expondo a sua crença anti-amor: o considera um agente aprisionador, talvez uma doença desnecessária, acha que o amor se trata de um surto de luxúria acrescida de ciúme. Defende que esse tipo de sentimento nos obriga a mentir, a dizer sim quando queremos o não, modifica a nossa liberdade. Já o sexo em si compreende apenas dizer sim no âmago da vontade nossa do momento.
A vida na horizontal e seus segredos a flor da pele, o trajeto pelo vazio, que se mostra em caminhadas sem rumo no parque, o choro durante o coito, as analogias com a pesca profissional e a polifonia de Bach. São tantas as referências e metáforas, e tem a cena magistral e constrangedora feita por Uma Thurman que pra mim só vingava em filmes do Tarantino.
Ninfomaníaca é erógeno, relevante, poético e pode ser toda uma porta que se abre para que você conheça o cinema de Lars Von trair: livre e polêmico, desconcertante e genial.
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