5 clássicos do videokê para conquistar seus cinco minutos de fama
Perdoe-me se o meu conceito de Deus for diferente do seu, mas pra mim, Deus que é Deus, se pudesse escolher um lugar digno para morar no planeta Terra, escolheria um videokê. Daqueles bem fuleiros mesmo, com litrão de cerveja a seis reais, copinho americano cheio de fiapo de pano de prato, microfone cheirando a saliva, batata frita no óleo da santa ceia e ketchup Bom Sabor, aquele que é a resposta para a charada do doce mais doce que o doce de batata doce. E sabe por quê? Porque qualquer videokê é a simbolização do mais verdadeiro amor fraternal.
Videokê é a melhor escola para aprender a dividir. Sempre tem alguém cobiçando a sua música, mas em vez de simplesmente roubar o microfone, o cobiçador pergunta: “Ai, é Elis? Adoro Elis! Posso cantar com você?”. Você, treinando o seu altruísmo, se redime de todas as vezes que não quis dividir o lanchinho com o colega no pré-primário e estende a mão com um microfone a um mero desconhecido. Pronto. Microfone dividido, sucesso dividido, aplausos compartilhados. Videokê é que nem coração de mãe: por mais que a concentração de gente seja maior do que no metrô da Sé às seis da tarde e todo mundo tenha que aguardar quatro horas pra cantar uma mísera música, sempre cabe mais um para escolher mais uma música brega e alegrar as horas de espera. Videokê é terra de paz e celeiro de novas amizades, um lugar onde nenhuma aproximação é infrutífera e nenhuma desavença resiste a um “Nossa, que show!” ou a um “Parabéns, você está progredindo!” – por mais que ninguém esteja progredindo porra nenhuma.
Afinal, no videokê, isso é o de menos. Não importa se você é branco, preto, gordo, magro, alto, baixo, homem, mulher, homo, heterossexual, cantor profissional ou cantor de chuveiro: todo bom e digno videokê garante a você pelo menos cinco minutos de fama sem precisar ganhar reality show ou posar pelado. Basta sacar o óleo de peroba, lustrar essa carinha bonitinha que eu sei que você tem, subir no palco dos anônimos e soltar a voz com um desses clássicos aqui.
1. Bonnie Tyler, sua incrível cabeleira anos 80 e “Total Eclipse of the Heart”
Não há quem não sofra com esse eclipse total. O coração sangra, o teclado chora, as mãos balançam no alto e você arrasa. Simples assim.
2. Raça Negra, todo o suingue do pagode dos anos 90 e “Cheia de Manias”.
Todo mundo vai te ajudar a segurar. O tchan, o copo de cerveja que quase caiu da mesa quando você percebeu que era a sua vez de cantar, essa barra que é gostar de você.
3. A diva-mor Elis Regina e “Como nossos pais”.
Ela é a mulher mais linda do mundo, a voz dela é a voz mais incrível do mundo e essa, apesar de não ser a melhor, é a música mais conhecida dela. Mas eu perdoo, mesmo se você avacalhar. Quem canta Elis no videokê tem licença poética;
4. Daniela Mercury, sua militância homossexual e “A Cor Dessa Cidade”.
A cor dessa cidade é toda essa gente linda que joga a mãozinha lá no alto e homenageia a diva do axé com a música mais contagiante de todas as temporadas em Porto Seguro.
5. Chitãozinho & Xororó, seus mullets cultivados com muita devoção e a campeã “Evidências”.
Se você nunca cantou “Evidências” num Raff Eletronics, largue AGORA tudo o que você está fazendo e se dirija ao videokê mais próximo para sentir um dos maiores prazeres da vida humana. Fez isso? Pronto. Agora você pode morrer em paz.
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