Não morra sem: ir na exposição que traz de volta a magia do Castelo Rá-Tim-Bum
Vinte anos depois o Castelo Rá-Tim-Bum está voltando. Magia palpável, um pout pourri de toda aquela farra lindona dos anos 90. Lúdico, inventivo, educativo, colorido, engraçado. O MIS – Museu da imagem e do som – de São Paulo apoiado pela Fundação Padre Anchieta/TV Cultura produziu uma exposição que ocupa dois andares de pura nostalgia. Filas e mais filas. 2014 é definitivamente o ano das exposições. Depois de Bowie, Kubrick e a “obsessão infinita” no Thomie Otake, chega a hora do Nino e seus amigos. Já adianto que o meu relato contém muitos spoilers.
Na entrada, o porteiro. Sua cabeça vem e vai, tem que saber a senha e se tudo der certo você se lembrará dele dizendo “Klift Kloft Still” e a porta se abrirá. Estamos no hall, e damos de cara com uma aparição tagarela e hiperativa do Nino, e ao seu lado o relógio – aquele que avisava pontualmente sobre a chegada do Dr. Victor. Chegamos à biblioteca, e aquele bando de livros com páginas amareladas, dizem que no cenário original eram 6 mil livros. Logo após nos deparamos com uma pessoa pra lá de inusitada. Uma não! Duas! Tíbio e Perônio eram a representação divertida dos nossos professores de ciências. Junto deles o laboratório com o Tatatossauro boladão.
Cuidado, ao passar pela oficina do cr. Victor nada pode ficar bagunçado, senão já sabem: “Raios e trovões”. O encanamento está devidamente representado por Mau e Godofredo. Quem não se lembra da gargalhada fatal do Mau? Entramos online casino na sala de música, um dos cenários mais adoráveis no quesito reprodução, já que a pianola possui os bailarinos dançantes e você pode sentar ali para contribuir com os números pedalando.
E olha só quem vem logo depois da sala de xadrez. Uma série de personagens sazonais como o Etevaldo – o extraterrestre brincalhão – e o nosso eterno professor Tibúrcio (Marcelo Tas) vestido de Telekid. Ele era o único que tinha paciência com o Zequinha e seus porquês intermináveis. Chegamos na cozinha e bate aquela fome, nossa imaginação liga então para o Bongô – o entregador de pizzas mais rápido do mundo – , e ele vem com uma pizza quentinha e deliciosa. Mas, antes da pizza, um detalhe mais do que importante, “lava um mão, lava a outra.”
Avisto várias plantas, é o jardim, e eu sei que se eu assobiar quem vai aparecer é a Caipora. Ela era toda amiga da natureza e sabia trocentas histórias extraordinárias envolvendo aqueles dois indiozinhos bagunceiros, lembram? Dentro das representações educativas, era ela quem cuidava do folclore e das lendas mais malucas. Continuar andando exige cuidado! É que por ali podemos sem querer pisar no Ratomóvel, o meio de transporte do ratinho higiênico – aquele que dá adeus ao “cheirinho de suor” e “lava lava lava” tudo o que está sujo, inclusive o “fazedor de xixi”.
Finalmente chegamos ao cenário principal, o saguão do Castelo. Ali está a árvore emblemática onde mora a Celeste, aquela adorável cobra cheia de mimimi. No galho mais alto da árvore está o trio musical João de Barro e as Patativas. Eles sempre tinham um instrumento diferente para nos mostrar: “Passarinho, que som é esse?”. Ao sentarmos na porta giratória protegida pelos soldadinhos de chumbo, caímos no quarto do Nino, aprendiz de feiticeiro atrapalhado. Ali ele brincava com o seus amigos Zequinha, Pedro e Biba. Próximo de lá está também o quarto da Bruxa Morgana. Nele, encontramos seu caldeirão, seu livro falante e sua amiga gralha, a Adelaide. Que saudade dela!
Durante a exposição temos também acesso a fotos de alguns testes de caracterização dos atores, inclusive um com Denise Fraga vestindo o figurino a Penélope (interpretada por Angela Dip). Vários dos figurinos, aliás, estão expostos, assim como algumas sinopses iniciais mostrando que inicialmente o programa se chamaria “Castelo Mágico”. Há vídeos com depoimentos do elenco contando histórias dos bastidores também. A exposição vai chegando ao fim, e a gente não quer ir embora de jeito nenhum, mas é proibido “voltar” ambientes e é hora de dar adeus porque a fila é grande, muito grande.
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