Não posso ser quem você é
Eu queria começar te pedindo desculpas. Não por não conseguir ser aquilo que você queria que eu fosse. Essa ilusão era totalmente sua. Minhas desculpas são por não ter te contado antes que eu não poderia nunca me transformar em alguém que você idealizou. Esse sonho criado entre nossos cafés da tarde e filmes do Woody Allen. Esse conjunto de ideias entre nossos gemidos gostosos e como você me fazia ficar acordado depois do Amor.
Relacionamento não é perfeição e você sabe. Você teve alguns antes de chegar a mim e eu também tive as minhas desventuras por aí antes de te encontrar. Não podemos usar o argumento de que estávamos entrando num campo desconhecido e que os erros são frutos de uma experiência empírica que agora vivíamos. É claro que cada namoro traz algo de diferente, mas eu já vi esse filme de tentarem me transformar no que não sou.
E acho melhor pedir desculpas e partir antes que a coisa piore.
Não é falta de carinho. Da minha parte, pelo menos, sempre sobrou dedicação. E nem ao menos estou te criticando. Pelo contrário, admirava o zelo com que cuidava de nós, a atenção que me dava, mas até nisso eu não soube dizer antes que me sentia sufocado. As pessoas precisam de espaço e eu não soube te mostrar que me sentia incomodado. É por isso que peço desculpas.
O que mais me marcou e me fez tomar essa decisão foi quando eu te vi tão cheia de planos pra gente e eu não sabia o que queria fazer no fim de semana. Quando percebi que você já fazia projeções pra minha carreira sendo que eu não faço ideia dos próximos passos. Quando te peguei vivendo por nós dois aquilo que eu ainda tenho dúvidas se quero ou não viver. Não acho justo te manter nisso.
É covarde, entende?
Sei que nessa história toda você pode acabar me detestando no final, mas eu não quero deixar de ser quem eu sou. E isso tudo nada tem a ver com as vezes que você queria ficar em casa e eu estava doido pra dar uma volta, ir pra rua, ver gente, me divertir contigo. Isso nada tem a ver com a nossa discordância quanto ao final de “Meia-Noite em Paris”. É só o fim.
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