Não precisa me iludir
Mais uma história que eu caí. Eu não sei quanto tempo eu tenho mais para acordar que você nunca vai mudar. Se é assim, por que eu ainda não saí?
Eu te culpo, mas tem vezes que eu acho que eu sou a maior pessoa responsável por achar que outras pessoas não perdem tempo em mentir. Que ingenuidade a minha, já que sempre acontece e eu nem percebi.
É tão estranho se entregar, a gente deposita toda a expectativa em algo que mal conhecemos, algo incerto e que na maioria das vezes já sabemos onde irá parar: no final, o fim de tudo acaba no final. Meio óbvio, não é? Não pra você. Mas algo em mim já me dizia que aquele frio na barriga seria facilmente aquecido – e esquecido –por teus abraços calorosos ou por noites de suor e mordidas.
Só pelas borboletas no estômago eu já pensava que iria poder voar. Voar pra bem longe. Mal sabia eu que eu só queria voar pra bem longe de você, que o que voaria mesmo era minha vontade e interesse na mais pura desmotivação.
É meu amor, eu não vou com calma não.
Tem dias que estamos tristes, cabisbaixos, sem vontade de cantar uma bela canção. Nos perdemos no caminho, confundimos os sentimentos e descobrimos, mesmo sem querer, que, como a vontade de comer doces em dias tristes, a saudade também não passa. O bom de se iludir uma vez, é que na segunda a gente já começa a manjar, na terceira já nos formamos na faculdade da malandragem, e na quarta eu já estou dando aula.
Não vou dizer que não estou feliz. Obviamente estou. Nunca fui de abrigar tristezas, você bem sabe. Eu tenho uma superação um tanto quanto rápida. Longe de você vivi experiências que obviamente não viveria na sua presença. Senti outras pessoas. Vivi outros lugares, melhores que a sua cama por sinal. Desbravei novos desejos e confesso, do alto da lucidez que agora me invade nessa madrugada, com um copo de café em uma mão e a liberdade dentro do coração, que se pudesse fazer diferente, eu não faria. Não se iluda, você não vale o tanto que pensa.
Eu só peço para você não repetir, mas ainda assim que eu sei que você não vai me ouvir.
Se eu tomar coragem e der meia volta, você vai sentir se eu me despedir? Você não se sente mal por mim? A vida dá tantas voltas e eu temo quando ela for te atingir.
Colaboração com o autor Jean Lescano (facebook.com/ JeannLescano) do blog Aluado (jeanlscn.wixsite.com/lescano)
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