Neste dia da mulher, dê respeito de presente
Oito de março. Dia em que recebemos rosas e beijos matinais, cartões lindamente decorados – eventualmente com desenhos de mulheres lindas e esbeltas – e somos parabenizadas, como se só naquele dia o mundo se desse conta do quão foda é ser mulher.
Deixando os clichês de lado – do tipo: dia da mulher é todo dia! – tenho uma lista de conselhos para homens que realmente querem agradar neste oito de março. Não agradar só as suas respectivas esposas, namoradas, mães, tias, avós e peguetes, mas agradar à todas as mulheres que fazem jus a este dia. Se você não está interessado em fazer as mulheres mais felizes e se conscientizar do seu papel, pare por aqui. Sério. Apenas desligue o computador e vá até a floricultura, pensando, assim, estar cumprindo o seu papel. Espero, honestamente, que em algum oito de março, mesmo que distante, ninguém precise ler esta lista , que – céus! – nem eu mesma acredito que precisei escrever:
1 – Largue de mão o fiu-fiu
Fiu-fiu não é elogio, é desrespeito. Toda vez que uma mulher ouve piadinhas machistas sobre sua bunda, seus peitos, seu jeito de andar ou o que quer que seja, ela não se sente exaltada: pelo contrário, nos sentimos diminuídas, coisificadas, desrespeitadas. Guarde seus “elogios” para o momento oportuno, e, principalmente: para quem os queira escutar.
2 – Respeite a mulher que tem ao seu lado
Respeitar a sua mulher não é apenas não traí-la: é respeitar o seu espaço e as suas decisões, é estar consciente de que ela é dona de si mesma – logo, tem o direito de escolher as próprias roupas, os próprios amigos e a própria rotina.
3 – Não julgue uma mulher pela sua roupa
Garanto que nenhuma mulher nunca te chamou de “fácil” – gente, alguém chama um homem de fácil? – porque você estava sem camisa. Nosso juízo ao seu respeito não depende da roupa que você veste. Lembre-se disso da próxima vez que ver uma mulher com um vestido justo e um decote matador.
4 – Conscientize-se de que as tarefas domésticas são para ambos
E pare de delegá-las às mulheres da sua vida (esposa, mãe, irmã…). Você é responsável pela organização do seu espaço, da sua roupa e dos seus pertences. Você não tem que “ajudar em casa”, você tem que fazer a sua parte. Afinal, você também mora lá, não é mesmo?
5 – Esqueça os estereótipos
Do tipo: “mulheres dirigem mal”, “mulheres têm que saber cozinhar”, “feminista até chegar a conta”, “piranha porque pegou geral na balada”, entre muitos outros clichês (e são muitos mesmo). Aliás, se você usa qualquer uma dessas frases com alguma frequência, a maioria das mulheres têm preguiça de você.
6 – Não se surpreenda da próxima vez que ela tomar a iniciativa
Nenhuma mulher é menos digna por gostar de sexo. Podemos não apenas querer, como buscar. Podemos andar com camisinha na bolsa, te cantar na balada ou gostar de gang-bang. É o nosso corpo, a nossa sexualidade, um problema nosso. Quanto mais cedo você entender isso, mais admirável se tornará.
7 – Aprenda que não existem “coisas de mulher”
Em que momento passou-se a dividir todas as coisas entre “de mulher” e “de homem”? Nós compreendemos que você aprendeu isso cedo, quando seu quarto era azul e o da sua amiguinha cor-de-rosa, mas esqueça. Futebol, tatuagens grandes, motos, velocidade, lutas (etc) não são “coisas de homem”, são coisas de quem gostar, independente do que se tenha no meio das pernas.
8 – Não nos classifique entre “mulher pra casar” e “mulher pra comer”
Uma mulher pode ser “pra casar e pra comer” ao mesmo tempo, ou nenhuma das duas coisas, assim como um homem.
9 – Não dite regras sobre a nossa forma física
E nos deixe ser como queremos ser. Uma coisa é ter uma preferência de tipo físico – magras, naturais, gordinhas, atléticas – e outra é julgar todas as mulheres que não se encaixem no seu padrão. Faça suas escolhas e as guarde pra você.
10 – Informe-se sobre o feminismo antes de sair dizendo que é mimimi
O número de estupros supera o de homicídios dolosos no Brasil, e é contra isto – entre muitas outras coisas – que nós lutamos.
Eu poderia, lamentavelmente, enumerar diversos outros conselhos para homens, mas ninguém teria paciência pra ler. O machismo é extenso demais. Por isso, vou resumir em um conselho simples para quem resistiu bravamente e chegou até aqui: Nós não queremos rosas e chocolate. Queremos respeito.
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