“Nunca vou conseguir amá-la na mesma intensidade que eu amei você.”
No dia do fim, eu cheguei em casa, me olhei no espelho e disse: foi por nós dois. Nós dois quem decidimos que não dava mais, que em algum momento ao longo dos anos, trilhamos caminhos diferentes e seguimos novos rumos. Esses caminhos não encontravam mais um jeito de se cruzar, e a gente sabia – e sentia – que ali era o nosso último momento, e vivemos ele. Até acabar.
Quando acabou, eu senti que a gente ainda ia se esbarrar por aí, mas acabaríamos seguindo caminhos diferentes de novo. E aconteceu. Lembro do quanto me doeu te ver chegar, chorar, e se desculpar pela dor que me fez passar. Dizer que ainda era eu, que o tempo passou, mas era eu. Lembro de te fazer cafuné enquanto chorava ouvindo você chorar. Mas não dava mais. Eu não conseguia mais. Lembro que nesse dia, o beijo de despedida já não foi mais o mesmo, que o meu coração já não disparava na mesma velocidade que antes. Que ele tinha cansado depois de você tê-lo machucado tanto. Te ouvi se desculpar, acreditava em você, mas o meu coração dizia que não dava para acelerar outra vez. Era a hora de parar de tentar.
E eu parti.
Segui meu rumo ainda sentindo que não foi o fim definitivo. Que – de alguma forma – a vida ia encontrar um jeito de te trazer para mais uma visita. E não demorou. Quando te encontrei pela última vez, lembro de ter tido um dia que vou guardar para sempre. A gente sentia que não teria mais nenhuma chance depois, essa seria a última que a vida daria para nós dois. E quando você foi embora, segurou na minha mão bem forte e disse que queria muito que tivesse dado certo. E lembro que aquele abraço, foi um adeus.
E eu não te vi mais.
Hoje, enquanto escrevo, tento me lembrar de como foi e de como me senti quando tudo aconteceu, e vejo que nossas lembranças foram apagadas de mim – do coração e da memória. Foram levadas com o tempo. Porque embora eu ainda me importe com você, já não te amo mais. E eu soube que você seguiu seu caminho e encontrou alguém nele. Alguém que você decidiu dividir a vida. Alguém que você achou ser a pessoa certa para dividir essa nova caminhada com você. E, enquanto processava essa informação e tentava digerir, recebi sua mensagem:
“Não era pra ser ela. Nunca vou conseguir amá-la na mesma intensidade que eu amei você.”
E cada letrinha doeu. Doeu muito. Porque enquanto lia, tentei lembrar dos motivos que me fizeram um dia te amar, mas o tempo levou com o vento. Enquanto a lágrima caía, fechei os olhos para sentir o meu coração mais intenso, e ele não estava, porque não batia mais por você. E, ainda de olhos fechados, notei que por mais que tentasse, eu sentia que você tinha se tornado uma lembrança boa, mas não te via mais. Seu sorriso, seu rosto, sua voz… tudo se tornou uma folha em branco. Sem que eu pudesse perceber, o tempo fez todo o trabalho: apagou todas as linhas já escritas e me deixou a chance de poder reescrever uma nova história, e você não fazia mais parte dela.
E então, assim como fiz no dia em que terminamos, me olhei no espelho e disse o que queria dizer pra você: pode não ser ela, mas não sou eu. O primeiro amor sempre é mais intenso, eu sei, mas ele nem sempre dura pra sempre. E o nosso, acabou.
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