O amor não vence tudo
Infelizmente o título desse texto não é pra chamar atenção nem pra fazer você clicar com uma frase controversa. Ele é a mais pura verdade. O amor não vence tudo. Não vamos aqui discutir a teoria nietzschiana de que o amor romântico não existe, e que somente amamos os nossos desejos, o efeito que esses desejos e suas conquistas causam em nós, e não amamos verdadeiramente os objetos destes desejos. Não concordo com o niilismo dele, mas não vou entrar neste mérito. Meu ponto é que o amor, definitivamente, não vence tudo. Arrisco inclusive dizer que o amor talvez nem seja o mais importante em uma relação a dois.
O amor é importantíssimo, imprescindível, mas, no apagar das luzes, amor não lava a louça. Amor não cura traumas, não arruma a bagunça da sua casa nem desliga o som quando ela bota Los Hermanos pra tocar no volume máximo. O amor é passivo. Você sente e ele está lá, sem que você precise fazer nada. O problema são as coisas que não são passivas, que dependem ativamente de nós, do nosso esforço, da nossa resiliência, da nossa força de vontade de fazê-las acontecerem. De nada adianta a paixão avassaladora aterrissar no seu coração se você não está disposto a encarar todo o resto, a tentar superar as dificuldades, a sair da sua zona de conforto.
Para alguns é uma escolha, para outros não. Para nós, os impulsivos, nenhum obstáculo nos impede de tentarmos levar adiante aquela paixão. Para os mais racionais, eles conseguem deixar o sentimento em segundo plano e se preocupar com coisas mais “mundanas”, como estar ou não preparado para um relacionamento ou o fato dela usar uma foto da Dilma como foto de perfil do Facebook. Para alguns, a paixão fala mais alto, para outros, o dia a dia fala mais alto. Não cabe a ninguém julgar essas escolhas. São escolhas pessoais e cada um tem o seu motivo. Fato é que muitos amores deixados pelo caminho por conta de outros motivos poderiam ter dado certo, assim como muitos amores levados adiante não conseguiram vencer as dificuldades. Há de se pesar os prós e os contras e decidir se você é um idiota irresponsável e impulsivo que se joga de cabeça em qualquer paixão por alguém que mora em outro estado ou alguém que tira foto fazendo biquinho, ou se você é uma pessoa normal e vai esperar um cenário favorável para levar adiante um relacionamento, mesmo que ele não tenha tanta paixão quanto aquele que foi deixado pelo caminho. O amor não vence tudo, mas com boa vontade, podemos conseguir um empate fora de casa e conseguir um meio termo. Mas sem foto da Dilma.
Sim, sem foto da Dilma, por favor.