O arrependimento deve ser aprendizado
Não adianta. Hora ou outra a gente acaba caindo na mesmice de maldizer o passado. Padecemos de vergonha dos amores platônicos. Das fotos de turma. Dos pôsteres no armário. Renegamos o primeiro namoro. O primeiro voto. O primeiro emprego. O curso da faculdade. Nos culpamos por não termos economizado, viajado, casado nem nos mudado.
Arrepender-se é ato involuntário. É a mais crua impotência diante da irreversibilidade do passado. É sentimento mal visto diante de uma geração que diz não ter tempo a perder lamentando-se pelo acabado mas é inegável que isso é tolice: o arrependimento é fonte fértil de ação e aprendizado.
É justamente no contato íntimo com as sensações desgostosas deixadas pelas experiências das quais nos arrependemos que aparamos as arestas do que passou e reconhecemos com mais nitidez o que desejamos para o futuro. É também reconhecendo as experiências que deixamos de viver que procuramos encontrar meios de vivenciá-las e, quem sabe, nos arrepender.
Fato é que nada vale se arrepender em apatia. O arrependimento útil é aquele que carrega desejos de mudança, gratidão pelos aprendizados e a certeza de que é realmente vivenciando o que nos faz mal que somos capazes de reconhecer o que faz bem.
No fim das contas o interessante é se arrepender mas acatar o passado de maneira positiva, convictos de que nós somos muito pouco além do resultado calejado e consertado dos erros e acertos que vivemos, desde aquele namoro todo errado até a viagem que tinha sido adiada.
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