O machismo masculino no Brasil
Nos últimos dias, para ser mais preciso cerca de uns 10 dias atrás, começou a ser alastrado no Facebook/Twitter de muitas pessoas notícias referente às impressões de um Francês que mora no Brasil. Mais precisamente em Belo Horizonte.
Ele se chama Olivier Teboul, possui 29 anos e está morando em terras tupiniquins há pouco mais de um ano, tempo suficiente para você ter um olhar crítico quando se está fora de casa.
Percebi que as opiniões dele geravam certas reações controversas, entretanto havia igualmente um grupo apoiando algumas das impressões dele. Acredito que ele tenha abordado um tema que ainda falta certa discussão por aqui: o machismo do homem com o próprio homem, mas que pode até ser estendido por um machismo proveniente das mulheres também.
Abaixo transcrevo algumas das impressões
• Aqui no Brasil tudo é gay. Beber chá: é gay. Pedir um coca zero: é gay. Jogar vólei: é gay. Beber vinho: é gay. Não gostar de futebol: é gay. Ser francês: é gay, ser gaúcho: gay, ser mineiro: gay. Prestar atenção em como se vestir: é gay. Não falar que algo é gay : também é gay.
• Aqui no Brasil, os homens não sabem fazer nada das tarefas do dia a dia: não sabem faxinar, nem usar uma máquina de lavar. Não sabem cozinhar, nem a nível de sobrevivência: fazer arroz ou massa. Não podem consertar um botão de camisa. E por incrível que pareça a grande maioria também não sabe nem arcar com atitudes consideras “extremamente masculinas” como trocar uma roda de carro. Fui realmente criado em outro mundo…
• Aqui no Brasil, os homens se vestem mal em geral, ou seja, não ligam. Sapatos para correr são usados no dia a dia, ou até roupas de esportes são usadas sem a intenção de praticar algum esporte. Até porque se vestir bem também é “meio gay”.
Estas são as partes relevantes para nosso texto de hoje.
Talvez com todo esse alvoroço e polarização de opiniões, devido também às recentes notícias da comissão de direitos humanos aliado a expressão de opinião pessoal, assim me incentivaram a escrever o texto de hoje.
Olivier revela com muita simplicidade uma face machista da sociedade brasileira, onde desta vez nós homens somos as vítimas. Confesso que me enquadro, aliás, não me enquadro aos padrões definidos.
Para início de conversa, não gosto de cerveja. Sim, sou homem, heterossexual e não gosto de cerveja por alguns motivos: primeiro porque não me dou bem com bebidas fermentadas, sinto um sono absurdo. Segundo porque gosto de cuidar do meu corpo e tenho temor pela famigerada “pança de chopp”. Toda vez que alguém ouve pela primeira vez isso, me olha com a sensação de que sou penetrado por vinte e dois pirocudos dentro de uma sauna.
Nesse ponto o Francês foi um pouco mais adiante, falou de outras bebidas, entretanto a lição é a mesma.
Num segundo momento nosso amigo Olivier foi incisivo em outro problema de nossa sociedade: o homem brasileiro não tem as menores noções de sobrevivência em ambiente doméstico. Eu observo isso a minha volta e em todas as idades, conversando com as mais diferentes pessoas. No limiar da boa vontade e esforço, a maior parte lava sua própria louça. Por que o homem brasileiro não “consegue” realizar afazeres domésticos? Se sente humilhado? Acha que é trabalho para suas mães ou esposas? Existe algo muito errado aqui, e sinceramente não sei identificar a causa-raiz desse problema.
Morei algum tempo no exterior, e por ironia, dividindo a moradia com um Francês. Embora eu tivesse apenas boas noções de cozinha (porque gosto), rapidamente conseguimos adquirir uma ótima sinergia no que se diz respeito à limpeza e pude aprender que não era nenhum bicho de sete cabeças pegar uma meia-dúzia de produtos de limpeza e gastar alguns minutinhos para deixar tudo brilhando. Aliás, acabei me sentindo muito bem, a famosa satisfação do trabalho.
Por fim o autor fala da falta de senso estético do homem brasileiro, o que mais uma vez tenho que concordar: infelizmente para a maioria, saber combinar peças de roupas, cores, modelos, etc. parece algo de outro mundo. Confesso que eu tinha a mesma percepção até que um belo dia descobri algo chamado “Guia estilo VIP”, na época a edição de 2011. Algo barato e foi um dos produtos que não dispenso mais de ter. Saber a diferença de alguns modelos de roupas, quais vestir em cada ocasião, além de saber qual roupa melhor se enquadra ao meu corpo (em sua estrutura física) a fim de valorizar certos atributos e minimizar os defeitos. Quando menciono de tal livreto, muitos me olham com reprovação (a mesma dos 22 pirocudos dita anteriormente).
Concluindo, parece que tanto o homem, quanto a mulher brasileira criaram uma imagem do que seria o estereótipo do homem “moderno” brasileiro alguém com a tal barriga de chopp, de posse de um copo na mão, mal vestido e ainda por cima um completo ignorante dos afazeres domésticos. Qualquer coisa que saia desses padrões passa a ser vistos com maus olhos, ou no mínimo um homem com déficit de testosterona e um excesso de estrogênio. Entretanto ser homem, macho, vai muito mais além de uma série de escolhas do que comer, beber e vestir. Devo lembra-los que ser homem, no final das contas ainda consiste em, entre tantas coisas, saber fazer uma mulher feliz.
Para quem quiser saber mais sobre as impressões do Olivier, clique aqui.
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