O maior amor do mundo
Quando a gente pensa que o universo jamais terá a audácia de criar algo melhor do que o arroz e feijão, ele vem e coloca na nossa vida um negocinho chamado mãe. A primeira pessoa com quem a gente se relaciona nesse mundo – muito antes do namoradinho da quinta série. Mais do que isso, a pessoa com quem a gente constrói a relação mais verdadeira desse mundo. Mesmo que a gente tente esconder o boletim cheio de nota ruim, o vaso estilhaçado pela bola, a primeira bebedeira. Mãe, amanhã vou dormir na casa da Tati, tá? Só você acha que ela acredita.
Porque mães são oniscientes. Muito mais do que qualquer deus – invisível ou retratado numa imagem de gesso – que você cultue. Muito mais do que o narrador de Vidas Secas (ou, quem sabe, Graciliano não tenha escolhido uma mãe para narrar a história e eu é que estou sendo ignorante?). Aliás, muito provavelmente a sua mãe sabe mais do que se passa dentro de você do que você mesmo. É que mães, por menos escolaridade que tenham, por menos livros que tenham lido, por menos viagens que tenham feito, são as pessoas mais inteligentes do mundo. Porque são dotadas de uma inteligência que a gente passa a vida inteira perseguindo e talvez só consiga alcançar às custas de bons momentos de meditação, boas doses de Ayahuasca ou bons anos de terapia: a inteligência emocional.
De saber sempre o que dizer a um filho. Quando dizer. Como dizer – seja num grito ou num sussurro. De saber sempre o melhor remédio pra qualquer mal. Desde a pastilha mais eficaz para uma simples dor de garganta até o melhor antídoto contra a tristeza. De saber sempre o que fazer, mesmo que o mundo – inclusive o dela – pareça desabar. É que antes de nascer um filho, dizem, nasce uma mãe. E nada me tira da cabeça que o momento da concepção de uma mãe é o momento em que o universo a presenteia com poderes sobre-humanos. O mais cobiçado deles: o super abraço. Capaz de nos livrar das dores do mundo e de nos fazer esquecer das guerras, da injustiça, da fome no mundo, da violência de gênero, sexual, racial, política, social e religiosa que existem abraço afora.
E por mais que as nossas mães estejam completamente fora do estúpido padrão de beleza cultuado nos nossos tempos, elas sempre vão ser as pessoas mais lindas desse universo. Com o sorriso mais lindo, com o olhar mais lindo, com os cabelos mais lindos, com o corpo mais lindo. Não sei a de vocês, mas a minha desbanca qualquer miss Brasil, qualquer modelo de passarela, qualquer atriz global. Se tem uma coisa que eu peço todos os dias ao universo é que eu puxe a genética da minha mãe – porque ela é a mulher mais deslumbrante que o mundo já viu.
E se tem outra coisa que eu peço todos os dias ao universo é que ela seja eterna. Porque ao contrário do amor de Vinícius de Moraes no famigerado Soneto de Fidelidade, nada nela é chama. É tudo rocha. E mais do que isso, porque eu simplesmente não sei se vou ser alguém sem a presença devastadora dela. Sem a voz dela ao telefone, que sempre me acalmou, desde os tempos em que a tia da escola ligava pra mãe quando a gente tinha uma dor de barriga. Sem o leitinho que, carinhosamente, ela prepara toda manhã quando vou dormir na casa dela. Sem a implicância dela com as minhas roupas amassadas. Sem o super abraço mais super do mundo. Sem o maior amor do mundo. Sem aquela beleza toda que me inspira só de olhar.
Porque além de linda, carinhosa, forte e impacientemente paciente, ela coloca vírgula depois (ou antes) do vocativo. Obrigada, universo.
22 comentários abaixo sobre O maior amor do mundo
Nunca comentei nada por aqui. Mas um texto que mistura Graciliano, Vinicius e claro, mães, não deu para passar em branco. Já recitei muitas vezes o “Soneto da Fidelidade” para as paixões que tive nessa vida, pois eram chama, tanto que já arderam e se apagaram, como deviam ser. Mas a sua definição é perfeita Bruna, mãe é rocha. Vou além, mãe é água, mãe é ar! Também vivo a doce ilusão que a minha velhinha será eterna e isso ninguém me tira. Parabéns Bruna, mais um texto foda seu, entrou para os meus preferidos, junto com o dos pagodes dos anos 90!!!hahahaha
Que bom que você gostou, Rogério!
Mães são tudo de maravilhoso. Absolutamente tudo <3
Falar da mamis é fazer eu me emocionar.
DEMAIS Bruna, Demais. <3
Que bom que você gostou, Aline! Muito obrigada =)
”(…)muito provavelmente a sua mãe sabe mais do que se passa dentro de você do que você mesmo” e como sabe! Como ela mesmo me diz, nossa marca , nossa sintonia é de alma e é muito maior que essa marquinha que você leva no corpo <3 Chorei demais haha
Lindo texto Bruninha ;)
Lindo, mas não mais lindo do que a minha mãe <3
E começamos a entender ainda mais quando nos tornamos mãe também <3
Texto lindo de sentir, Bruna :)
Imagino mesmo, Aryane. É bem aquela história de “quando nasce um filho, nasce também uma mãe”, né?
Com certeza, Bruna! Aquele primeiro contato parece magia <3 Um dia você também vai saber! Beijo :*
Minha mãe é tão linda.. tão admirável… tão guerreira. Eu me emociono sempre o falar dela, seja para ela mesmo ou para os outros. Ela é incomparável.
Olha que a gente vai começar a brigar pra ver qual mãe é mais maravilhosa, hein, Nayanna?! Hahaha, brincadeira.
kkkkk cada um de nós temos uma mãe sob encaixe, por isso elas são perfeitas, pois são feitas sob medidas para nossos choros e sorrisos.
Da pra curtir cem vezes esse post?
Não dá, mas dá pra você me dizer que super se identificou e amou meu texto <3
Bom, uma coisa me ocorreu assim, sem influência alguma: BRUNA, SUPER ME IDENTIFIQUEI COM SEU TEXTO, AMEI!!
Brincadeiras a parte..não só esse como outros textos seu são ótimos. Gosto do seu jeito de “falar”, me identifico de verdade! Parabéns Bruna!!
Que texto lindo. Traduziu o que a maioria de nós sentimos. Parabéns Bruna ♥
Que bom que eu consegui ser universal, Giovana! Tava com medo de me prender só à minha mãe – afinal, ela é a melhor do mundo, hahahaha. Obrigada pela leitura e pelo carinho =)
Nossaa que estranho entrou um cisco no meu olho!! Minha mãe é tudo isso e muito mais!! é a mais bela e inteligente do mundo todooooo!!! Uaaaalll esse texto!!
Se “mães” não fossem esplendorosas, não começariam com M, de “maravilhoso” <3
Que post lindo Bruna! Parabéns pelo texto, pela delicadeza em cada palavra!
Mandei para a minha mãe, que está morando longe de mim, e ela não conseguiu segurar as lágrimas. Aposto que aconteceu o mesmo às várias outras mães que leram esse texto que conseguiu
explicar tudo aquilo que minhas palavras não conseguem.