O marasmo das pessoas
Abraço de braço, beijo de laço, amor de choro risonho… Surpresa amorosa que receia minha vinda. Perdido em retiro me vejo, beijo, só. Beijo bocas que selam minha vontade de querer cada vez mais ficar só. E quando digo só, criam-se castelos de verdades insólitas nas mentes próximas, como se a solidão fosse o fundo de um poço de espaço único. Pouco entendem elas que a solidão referida é a solidão mental e não social. Solidão essa que revigora o ser e traz a distração necessária para amar o perdido, e principalmente, o inesperado.
Nesses caminhos estreitos, sempre que possível, me aventuro com pessoas e amores pouco assentidos à minha realidade, e nelas, pouco sinto vontade de serenar a dois. Hoje, alço voos que, tanto, caberiam dois, mas nas marés das saídas que ainda faço, encontro as mesmas pessoas. Mesmo elas não sendo as mesmas pessoas. Ouço atentamente seus sonhos e sinto seus beijos molhados, mas, para mim, seus sonhos deveriam ser mais beijados e seus beijos mais sonhados.
A realidade é que a pequenez dos sonhos alheios me afoga. Procuro a equivalência num caminhar de sonhos, mas encontro medos bobos, frivolidades de um amor que resultou inútil e cegueiras sociais. E, inevitavelmente, quanto mais ficamos experientes nas fluências da vida, menos aguentamos o estreito horizonte e as verdades absolutas estampadas em testas tão pouco sorridentes.
E assim, ás vezes, vivemos nesse marasmo de pessoas, onde todas elas dizem sonhar diferente, mas agem tão, tão iguais.
Desculpem-me comentar uma publicação de 9 anos atrás, mas, sábado, um amigo me enviou os dois últimos parágrafos de conto/crônica me perguntando qual o sentido de equivalência. Fiquei intrigado também. Será o que o autor quis exprimir com esse termo, em princípio, fora de sua significação denotativa?