O tempo passou e você não me esqueceu
Assim é o que a gente se pega, se pergunta. Passou. Acabou. Mas a gente quer saber se a dor e as incertezas são conjuntas.
Você lembra de me esquecer? Você finge que eu não significo mais nada para você? Só que quando você se deita a noite, debaixo da coberta, as lembranças vem para ranger e tirar debaixo dos lençóis algum tipo de saudade que te faz se sentir fraco. Não te resta outra opção a não ser se debater.
Seria bom saber se acontece a mesma coisa com você.
Tem dias que eu sou mais forte, que sigo e lembro do quanto sou jovem para me apegar a uma história como essa, mas nos meus dias mais frágeis, eu acabo me perguntando se a minha trajetória precisa ser igual a de todo mundo, seguindo nessa linha do absurdo de esbarra-esbarra em todo cara com a esperança que vá lá me fazer feliz. É bom quando você não está nem aí, mas tem sempre uma hora que você quer parar e quando foi com você, eu quis.
Me desculpa estar sendo sincera pela décima vez, isso nem vai chegar até você, mas quando essas lembranças vem eu só gostaria de saber que arde, que vontade às vezes a gente sente de tocar de novo, de fingir ser um pouco dono das nossas escolhas e que o próximo passo nunca mais vai ser o abandono.
Você, as suas palavras, o seu beijo e o seu corpo, são minhas companhias quando eu tenho sono. É um estágio de vulnerabilidade que eu admito pra mim mesma, mas pra ninguém mais eu conto.
(…)
Acordei com uma lembrança sua perdida na minha memória. Não é sempre, lá você aparece vez e outra. Eu me distraio com tanta coisa que a minha cabeça não tem tempo para falar de nós dois, porém se eu converso com o meu coração, ele sussurra o seu nome. Por algum motivo, eu levo o teu sorriso tatuado no meu peito. Você está sempre comigo.
Como a gente faz para fingir que não é amor, quando a gente ama? Eu não sei, mas estou aprendendo. Vejo as tuas fotos e finjo não me importar. Escuto as suas histórias e faço de conta que nunca te conheci. Se o mundo soubesse o quanto me batem na alma quando alguém diz o seu nome, talvez o proibiriam.
É que saudade é um pedacinho da gente que ficou com outra pessoa, e esse vazio deixado sempre dói. Talvez a gente nunca o recupere, mas seria muito bom se um dia você voltasse e me devolvesse a mim mesmo, mesmo que de passagem, porque às vezes nem eu sei onde estou. Às vezes eu penso que talvez tenha ficado em você por inteiro.
Eu me questiono sobre isso. Tem dias que eu te lembro e te vejo como um seriado que eu gostei, mas acabou. E assim me sinto forte, como se já não ligasse. Outros dias, eu espero em vão as voltas que o mundo dá, para saber se um dia nós também voltamos. Mesmo que tenham nos ensinado que amor tem prazo de validade, que é preciso um ponto final sempre que acaba.
Para ser sincero, o que eu preciso hoje é saber se você ainda se lembra de mim, do mesmo jeito que eu me lembro. Que saiba que o passado, ainda é presente, porque não é sobre o tempo, mas sobre a vida. Você era minha vida, e a gente não esquece quem foi isso para nós. Porque a vida seria mais justa se compartilhássemos o mesmo pensamento, mesmo que em silêncio.
Só que eu não sei se você também precisa desses pequenos caprichos amorosos para ser feliz, de saber que não morremos para quem amamos, que ainda estamos vivos dentro do coração do outro. Mesmo sem admitir, eu sinto a sua falta. E mesmo sem poder saber, eu gostaria que você sentisse a minha.
Apenas para provar que o amor ainda vive, mesmo quando as histórias morrem.
Escrito com a colaboração de Francisco Galarreta da página de textos “Antes da Sobremesa“.
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