
Onde eu guardo a saudade?
Às vezes eu me pergunto se você também encontra fotos nossas, ao acaso, nas gavetas. Ou se você também lembra de mim quando toca a música de abertura daquela série que começamos a ver juntos. Ou ainda se quando pede pizza de chocolate no sábado, imagina se estou pedindo também.
É difĂcil, sabe? Por que eu nĂŁo sei nem onde guardar a saudade. NĂŁo há espaço em lugar nenhum porque ainda há vocĂŞ por todo lado. Quando tentei guardar a saudade na gaveta, lá estava vocĂŞ. Quando tentei pendurá-la no guarda-roupa, lá estava vocĂŞ. Quando tentei escondĂŞ-la na lixeira do computador, lá estava vocĂŞ.
Eu sinto saudade sua todos os dias e isso está me cansando muito. Eu só queria conseguir deixa-la em um cantinho qualquer, mas ela nunca cabe em lugar algum e quando cabe, o espaço já está ocupado por lembranças suas, ou seja, ao invés de abandonar a saudade ali, acabo pegando mais um pedaço dela para carregar.
Até quando? Até quando vai doer? Até quando vou sentir saudade? Até quando vou perder pedaços, enquanto a saudade se constrói inteira?
Eu queria saber as respostas ou queria que alguém soubesse e as gritasse para mim, mas no final das contas, acredito que ninguém saiba. Ninguém sabe o que fazer com a saudade que fica depois que alguém se vai. Ninguém consegue escondê-la, guardá-la ou esquecê-la em um canto qualquer.
AĂ ficamos assim: carregando do lado de dentro uma saudade que sĂł a gente sabe que sente e que embora reflita do lado de fora, sĂł a gente Ă© capaz de enxergar.
EntĂŁo, onde eu guardo a saudade? Um dia eu descubro, mas enquanto esse dia nĂŁo chega, eu a carrego, silenciosamente, por aĂ e a sinto doer, cada vez que encontro mais um pedaço seu perdido por aĂ.
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