Ouça “Não me ame tanto”, uma música sobre o amor e todos os seus momentos
“Não me ame tanto” é uma canção ousada que coloca o amor em uma posição de vulnerabilidade – essa que geralmente tentamos camuflar-, ou na aspereza, um escudo com espinhos, criado para proteger um coração sufocado pelas armadilhas da vida.
Uma letra que não esconde em nenhum momento que o amor pode doer. Bota de fora o outro lado, suscetível às feridas, um lado que pode desmanchar fácil-fácil. Dividir o amor em partes, o amor é um célula ou uma junção de partículas?
Esse texto não é sobre essa cantora capaz de (agr)adocicar o mundo sem apelar pro excesso de boas maneiras. Karina Buhr é selvagem, antigripal e subversiva em suas linhas, mas essa música merece um dia de fúria só pra ela, por essa letra fora da curva, porque ela tem pés ariscos e um timbre que salta – suave e ao mesmo tempo nada inofensivo.
Ao invés de um post com várias músicas de uma mesma cantora, um com várias versões de uma mesma música – o contágio pela repetição.
Nossas proteções carregam currículos elaborados pelo passado. O poema do antes, tudo é sobre antes, a gripe que nos pegou, a gripe que nos confunde, e que por acaso pode ser amor. No caminho você vai encontrar espécies raras e as nem tão raras assim, gente que não quer nada sério e “joga tudo no lixo”. No planeta dos sentimentos tem um tanto de gente com pavor de ser amada, que deixa o adeus ser mais fácil, que decide que vai ser assim sem assado, sem abraço, sem trelelê e os príncipes e princesas que se virem. Gostar de quem não gosta da gente, gente que gosta da gente mas que a gente não gosta. Quem tem culpa no cartório?
Em uma leitura mais hedonista e menos descomplicada, não era amor, era apenas diversão, gozo e tchau – que rima com sexo casual. Escutar essa música e pensar sobre ela, é levantar uma desconfiança de que as paredes do coração podem arder, e então é preciso soprar antes, mais de três vezes. Ela representa a quem um belo dia estraga tudo e dá uma rasteira no próprio bem-estar a dois porque não soube lidar com o medo de tudo ficar bem. Isso me faz entender que o amor às vezes é fácil e às vezes é impossível. Porque um dia um personagem de uma peça teatral chamada “Tão Longe” disse que o contrário do amor é o medo. Ou porque uma vez eu ouvi em um filme uma frase que me marcou pra sempre: “as pessoas mais difíceis de amar são as que mais precisam de amor”.
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