Paixão acaba, sabia?
Paixão é um sentimento meio canalha. Ela chega cheia de encantos, distribui sorrisos e prantos, desperta nossas melhores alegrias e sem nem se importar em avisar, ela começa a mudar. Vai mudando. Vai sumindo. Vai murchando. Vai inexplicavelmente transformando o que era calor, vapor e suor em coisa fria.
Sempre achei injusto o que paixão faz comigo. Ela chega apressada, tira meu sossego, me enche de euforia e num involuntário piscar de olhos, me alivia da cegueira e faz perceber que o que tanto me encantava era pura fantasia. Na verdade, quase sempre, nada daquilo que me apaixonava existia.
A verdade é que as pessoas que a paixão inventa são bem mais fáceis de gostar. Ela é boa nisso. É perita em fantasiar. Ela projeta nos outros todos os nossos desejos e utopias e para isso não mede as consequências. É, ela é meio cafajeste. A paixão mente. Sem pudor. Sem prezar pela nossa alegria.
Ora ou outra, eu confesso, é até gostoso se entregar a paixões equivocadas que provocam meia-dúzia de gelados na barriga. Mas com o passar das paixões parece que a gente toma uma anestesia. Elas ficam menos frequentes e os encantos que antes surgiam com um simples sorriso bonito e uma voz rouca e macia passam a demandar tempo, conversas, risadas, refeições, reflexões e uns bons bocados de convivência em harmonia.
Bom seria se paixão fosse suficiente. Como não é, é sempre bom que venha acompanhada de algumas doses de respeito, parceria, lealdade, amizade e admiração. Não é por nada não. Só para evitar a decepção.
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