Parei de te amar, não de mentir
Parei de te amar, não de mentir.
Continuo mentindo ao dizer que te esqueci, que já não lembro de você e tuas sobrancelhas investigadoras-misteriosas-risonhas. Tuas sobrancelhas sempre me conheciam tão bem. Assim como teus pés que me diziam o que pensava: balançando demais é porque estava nervoso ou tenso – nunca entendi muito bem essa diferença.
Uma vez, você me explicou: nervoso é estar tenso por algo que deu errado. Tenso é estar nervoso por algo que pode dar errado – ou muito certo. Você sempre teve um quê ansioso-menino-homem às vésperas de um trabalho importante, de uma reunião chique ou de um jantar com meus pais.
Parei de pensar em você, não de mentir.
Digo, meio fingida fodida por aí, que já não sei mais da tua vida. Afirmo: sei-lá-dele. E minto ao dizer que só sei que você tá ficando com aquela amiga que eu tinha ciúmes porque alguém me contou – mas, no fundo, no fundo, eu mesma vi no teu Instagram essas coisas e deduzi isso após aquela foto de vocês juntos no show do Nando Reis. Cantou “Relicário” pra ela? Espero que não. Ou que sim. Eu não penso mais em você. Mas aumentei as mentiras, você sabe.
Hoje, eu sempre estou bem, sorrindo, com maquiagens impecáveis e sempre com a minha melhor roupa. Sempre rodeada de amigos bonitos – e gostosos – só pra se de repente numa noite dessas qualquer a gente se esbarre por aí e você veja o quanto eu tô bonita sem você. Deixei de mentir, não de te amar. Se não fossem as mentiras ninguém seria de verdade.
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