Podia ser nós dois
Aquele casal se abraçando enquanto a criança brinca. Podia ser aquele sorriso escancarado que você já estava acostumada a dar toda vez que me via chegar. Os braços prontos para agarrar quem nem devia ter ido, mas que sempre regressava por conta da saudade. E que sempre voltaria pra te relembrar que amor não necessitada presença, mas é muito melhor quando pode ser conjugado com beijos e carinhos. Podia ser nós dois se você deixasse que o meu sentimento fizesse morada no teu coração.
Lugar esse que você não abriu desde que outro te machucou e está fora do meu alcance agora.
Não quero desqualificar nada do que nós vivemos. Tudo foi lindo, mas não foi o bastante pra te fazer dar um passo maior. Aquele que se joga e não se importa com a queda livre; lá embaixo você sabe que haveria eu a te esperar. Aquele casal da balada, aquele carro saindo do motel, aquele pedido no meio do parque. Aquela viagem para um lugarzinho sossegado, aqueles dois na mesa com os amigos, aquelas mãos dadas matando de inveja quem acha que essa vidinha de balada tem alguma graça.
Podia ser se não fosse a covardia ao me deixar partir com lágrimas nos olhos e promessas de reencontros. Não, não vai poder. Porque todos esses planos, ainda que não tenham mais a sua cara, vão continuar aqui comigo. Fica a sensação de que a mala está pronta no pé da cama, mas a viagem não irá acontecer. Tudo bem, não contigo. O que me cabe continuará ali esperando o tempo exato para ser usado. E será, tenho certeza.
Você bem sabe o quanto eu desejo ter alguém ao meu lado. E não será amanhã ou logo que vou encontrar, mas eu vou. E tudo isso que hoje eu tenho certeza contigo vai migrar pra outra pessoa que acreditou no “pode ser nós”. “Nós” que não virou nó, mas o mais belo dos laços. Desses que enfeitam presentes e mostram os motivos da Vida ter o melhor dos momentos com o mais significativo dos nomes: presente.
E você só vai poder ser passado.
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