Por favor, uma taça de vinho.
O copo tem vinho. É produtivo.
Eu quero por alguma razão acabar logo com isso.
A minha mente é inconstante. O meu coração errante. Eu tomo a decisão que eu não deveria fazer, mas mesmo assim eu aceito que eu devo perder pra aprender.
Mas esse copo tem umas “transformadas”. Eu nunca poderia ser estática como o líquido tinto que permanece na minha taça.
É como se vinho e o vidro fizessem amor sem tocar o outro. É como se beijassem os meus lábios e soubessem que eu ficaria apaixonada. A bebida seria minha companhia e no fundo eu me sentiria amada.
Eu tenho ócio do ódio, do incessante. Eu tenho preguiça de me dar ao trabalho de não gostar do que nem ainda conheço de primeiro instante. Eu prefiro que você se apresente primeiro.
Eu não entendo o porquê das pessoas não darem esse direito que deveria ser básico a todo ser humano de se mostrar ao outro por inteiro.
E depois que tudo passa, as primeiras impressões são as primeiras a serem abandonadas. O ódio sai. Se as perspectivas de implicância forem atendidas, tudo o que sentimos antes, a certeza de já ter o legítimo direito de odiar alguém por sentir que ela mesma é digna disso, se chama em seguida de “ódio ao saber” ou “ódio sei”.
E nessa odisséia, talvez eu esteja um pouco bêbada.
É só o vinho que me dá o passaporte de viagem para refletir um pouco mais sobre o que nunca pensei.
Enquanto isso, há outras pessoas nesse mundo se preocupando em odiar outra vez, mas dentro do meu corpo eu me pergunto quantas ao fim do dia se perguntaram:
“Quando foi que eu mais amei?”
Nas matérias do amor, em todas eu reprovei.
Uma colaboração com o poeta Raphael Endless.
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