Por que você se sujeita a relações que não têm a ver com você?
Se você me lê de vez em quando, você provavelmente já sabe que eu sou do time do apego, do afeto e do nhém-nhém-nhém. Se você não tem o hábito de me ler e veio parar aqui por obra do acaso, fique sabendo que esse, assim como qualquer outro, não é um texto neutro: eu tenho sérios problemas de adaptação à era dos contatinhos. Eu sou careta. Old school. Eu sou do time do amorzinho.
Cite Bauman e diga que os tempos são líquidos, cite Nego do Borel e diga que seu coração tem um pedacinho para cada esquema, cite Simone e Simaria e diga para que eu ficar “loka” e eu vou lhe responder sem hesitar muito: isso não é pra mim. Eu simplesmente não consigo. Coisa de personalidade mesmo. Nada contra.
Longe de mim ficar gastando meu bom português para pregar bom-mocismo. Não é isso. Esse texto é sobre outra coisa. Esse texto é sobre aprender a respeitar a própria personalidade e não se sujeitar a relações que não têm a ver com você só porque parece que as coisas são simplesmente assim. Eu só quero dizer que tudo bem ser careta. Tudo bem não ser também. Você não precisa se adaptar a relações que não têm a ver com você porque essa é a receita certa para a frustração. Vai por mim. Minha experiência é pouca mas conta.
Digo isso porque há um tempo, quando eu fiquei solteira, eu tive a sensação de que a frieza era um tanto supervalorizada. Eu nutria sentimentos por alguém com quem saía algumas vezes e pronto: em pouco tempo já era chamada de trouxa. Comecei a ter a sensação de que eu precisava aprender a me relacionar de outra forma. De que eu precisava me adaptar. De que eu precisava assimilar o modus operandi das relações sem muitos sentimentos senão o mundo ia me engolir e eu me tornaria a rainha soberana dos supertrouxas.
Hoje, algumas tentativas depois, eu percebi que simplesmente não dá. Talvez eu siga sendo trouxa aos olhos dos outros, mas a verdade é que eu simplesmente não consigo ver nada tentador numa proposta de relacionamento que não inclua afeto, companheirismo, parceria, lealdade e planos mútuos. Eu não me divirto em relações assim e a verdade mais simplória que existe é que a gente relaciona para se divertir. Eu me sentia trouxa vivendo isso. Eu me sentia trouxa me adaptando à personalidade dos outros. Às vezes a gente se esquece disso, mas é importante lembrar: a relação que não diverte, talvez não tenha razão de existir. Tudo bem ser você. Você não precisa se adaptar.
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