Praticar a paz é saber perdoar sem se enganar
Dia desses, numa fila de banco, observando uma senhora fazer grosserias com a atendente a troco de sabe lá Deus o quê, eu parei parar refletir sobre como existe gente que simplesmente não consegue viver em paz. Puxei na memória e notei que conheço pelo menos meia dúzia de pessoas que são absolutamente incapazes de passar as vinte e quatro horas do dia sem fazer ao menos uma grosseria. Gente que guarda rancor. Que cria caso. Que não afrouxa o laço. Gente que se leva a sério demais e arrasta a vida num compasso que não dá espaço à paz.
Eu sempre achei que no fim das contas todos teriam direito à paz. Coisa de gente ingênua e republicana, eu sei. Mas achei. Achei, do raso daquela ingenuidade cujos rastros ainda carrego, que todos os cidadãos tinham acesso constitucionalmente tutelado a saneamento, saúde, educação e a um bocado de paz no coração. Hoje eu cresci e sei que não.
Hoje eu sei que abrigar a paz depende de muito mais do que dizer bom-dia, regar as plantas e viver num ambiente com boa segurança. Hoje eu sei que a paz é um exercício e, assim como qualquer outro, exige disciplina, constância e dedicação. Há que se praticar a paz à exaustão para que ela atinja o coração.
Praticar a paz é tarefa árdua. É preciso buscá-la incansavelmente. Dia após dia. À combustão. Praticar a paz implica reprimir nossos instintos mais egoístas e exercer incessantemente a compaixão e a gratidão.
Praticar a paz é não se superestimar demais. É conhecer a pequenez dos próprios defeitos e assim se compadecer da miudez alheia. É não tentar justificar preconceitos. É reconhecê-los e enfrentá-los para aliviar o peito.
Praticar a paz é saber perdoar sem se enganar. É saber o momento certo de se afastar. É tentar absorver o melhor do próximo e o restante procurar relevar. É não se incomodar com a vitória alheia ou pelo menos se esforçar.
Fato é que a paz só vem para aqueles que empreendem esforço em alcançá-la. Pensamentos negativos sempre vêm. É humano sentir inveja, ciúme, raiva e irritação. Causaria ainda mais perturbação dizer que não. A grande sacada é saber canalizar nossos sentimentos mais primitivos para buscar aceitação porque se a vida é realmente um eco, o melhor mesmo é berrar amor e compreensão.
eu gostei muito desse assunto e interessante