Quando nos descobrimos no meio do filme Her
Cada vez mais vemos pessoas solitárias, que entraram tanto no mundo da tecnologia e na sua introspecção que não conseguem mais sair dessa bolha. Pessoas estão aqui para interagir, trocar experiências, viver, amar, ser feliz ou ser triste – tristeza é um sentimento também-, e tudo isso deve ser feito no mundo analógico, não apenas no digital.
Her é um filme sobre nostalgia e tecnologia, sobre o que sentimos e o que vivemos. Perceber-se no meio dele e se identificar com o personagem é algo desconfortante. Ver que o mundo está mais tecnológico do que analógico. Que as pessoas nas ruas não se olham mais, ao invés, ficam vidrados nos seus smartphones. Se dar conta de que a única pessoa com quem você consegue conversar, sem ela desviar a atenção para a nova notificação de um aplicativo, é o sistema operacional do seu computador é, sem sombra de dúvidas, triste.
Em Her, Theodore é um escritor solitário e separado. Ao comprar um novo sistema operacional para o seu computador ele se apaixona pela voz desse sistema. Mas quando Theodore percebe, ele não é o único parceiro dessa voz. Milhares de outras pessoas usam esse sistema e é a mesma voz que conversa com essas milhares de pessoas.
Uma das cenas que mais me impactou foi quando Theodore, ao sair de um metrô se dá conta de que todas as pessoas estão andando e olhando para seus celulares, como se não existisse ninguém andando ao lado delas. Esse é um retrato exagerado, mas realista do que já acontece hoje em dia.
Cada vez mais estamos perdendo o contato humano e nos aproximando da vida de Theodore e do filme Her. Cada vez mais estamos mais introspectivos e nostálgicos, como a paleta de cores do filme, que é aconchegante e nos traz a sensação de acolhimento e de saudade de uma época em que as pessoas se olhavam no olho e eram empáticas. No fundo, somos cheios de sentimentos repreendidos porque a sociedade nos diz para sermos fortes. Se ser forte é não ter sentimentos, desculpa, mas prefiro sentir. Somos ensinados que devemos agir com a razão e assim, as pessoas de espírito livre tem suas asas cortadas e seus corações aprisionados, tornando-se como Theodore, que é imerso em sonhos e sentimentos, mas que não consegue expressar nenhum deles com uma pessoa real.
Quantas vezes você parou para perceber as pessoas nas ruas? Ou nos restaurantes e bares? Sempre irá ter pessoas que em vez de estarem conversando com a pessoa ao lado ou com a roda de amigos está hipnotizado por uma tela de algum aparelho celular. Quero que saiba que não sou, em nenhum momento contra tecnologias, acredito que elas são importantes ferramentas facilitadoras da nossa vida. Mas não podemos deixar de viver o mundo analógico, por causa de notificações que chegam a toda hora em nossos aparelhos. Não podemos deixar de sorrir para as pessoas na rua, de abraçar, de escutar o outro, de fazer novos amigos, de demonstrar nossos sentimentos. Temos que ser humanos e manter o contato físico e próximo com as pessoas que gostamos. Todo mundo gosta de receber um sorriso, um abraço, um afago, um ouvido e um coração para ouvir o que temos a dizer.
Então sugiro que comece por você, saia hoje de casa e dê um sorriso para alguém na rua, agradeça seu companheiro por estar ao seu lado, dê os parabéns aos seus amigos por te aturarem hehehe, escute com o coração alguém que precisa desabafar algo. Pratique a empatia!
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