Quem peida em público não precisa de psicanálise
Há alguns anos fui a uma palestra do Roberto da Mata e uma das frases que ele falou que mais me marcou foi a seguinte: “Quem peida em público não precisa de psicanálise”. Parem pra pensar na genialidade dessa frase. Se alguém, utopicamente, não ligasse absolutamente nada para a opinião alheia, seria uma pessoa com uma autoconfiança maior do que orgasmo de atriz pornô.
Por mais que a geração Y se gabe de não ligar para o que os outros pensam, essa afirmação é tão verdadeira quanto uma nota de cem reais na minha carteira. É humanamente impossível não ligar nunca para a opinião alheia. Em um âmbito menor, se não ligássemos mesmo, não pentearíamos os cabelos, nem escovaríamos os dentes, nem usaríamos desodorante. Em um âmbito maior, não usaríamos roupas no calor ou faríamos nossas necessidades em qualquer lugar.
Mas há pessoas que ligam mais e outras que ligam menos, embora quase todo mundo ache que não liga quase nada. “Eu escrevo pra mim mesmo”, “eu não ligo pro que falam do meu namoro”, e semanas depois está chorando porque ninguém leu seu texto e escondendo o seu namorado de todo mundo com vergonha de sair com ele porque todo mundo acha que ele te trai – mesmo que não hajam provas. Não ligar para a opinião dos outros não é fácil.
O sujeito que realmente não liga para a opinião dos outros é aquele que marca um exame de toque retal, pelo telefone, sem sair da sala de trabalho cheia. É aquele que nega um convite para sair e assume que vai ficar em casa vendo Meu Primeiro Amor. Não é fácil. O que podemos fazer é dosar, ou ficamos malucos e vivemos as nossas vidas de acordo com a opinião alheia. O ego é traiçoeiro e pode ficar mais magoado com o que os outros pensam do que você pensa. Então, pense duas vezes antes de sair de cabelo despenteado na rua fingindo que não liga para nada, a não ser que você marque um exame de DST em um ônibus lotado pelo celular. Aí sim, você não liga mesmo.
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