Quero anéis (e amores) honestos
Amores são como anéis. Ainda mais se você pensar na frase “vão-se os anéis ficam os dedos”, não é?
E tudo o que eu quero deles é a honestidade. Nada pior do que um anel de vidro que tenta se passar por diamante, como uma paixão ilusória disfarçada de amor verdadeiro. Bijuteria ou joia. Quer saber? Nenhum dos dois é melhor do que o outro. São coisas completamente diferentes com algo em comum: eles são honestos. O anel de diamante vai durar para sempre, se você topar bancar o alto investimento. Já o anel de vidro vai deixar claro sua qualidade frágil e efêmera.
Se apaixonar pelo anel de vidro é simples e até libertador. A gente sabe exatamente o que vai levar. O mesmo anel vai desfilar por aí com mais 2.349 mulheres. Tudo bem, ele não nos prometeu exclusividade. Ele vai permanecer brilhante quase uma estação inteira e, ao final do outono, a cor já vai ter desbotado e a pedra estará arranhada. O fim do inverno é também o fim daquele anel (ou seria amor?) que, na primeira queda ao chão, se espatifou em mil pedaços. Ele pode até ter cortado a pele de raspão e feito sangrar por alguns minutos. Mas tudo bem, a gente sabia que não iria durar muito. Aquele anel não vinha com a promessa de nos acompanhar por anos em aventuras desvairadas, noites insones de inverno ou dias preguiçosos sob o sol. Muito menos vinha com a proposta de amor eterno. A gente sabia que era passageiro. Coisa de momento que se transformaria em uma linda memória.
Dor mesmo é acreditar na ilusão do diamante que, no final das contas, era de mentira. É aquele que nos engana, nos faz de boba, brinca com a gente. Nos faz investir todo tempo e esforço para conquistar aquele brilho, aparentemente, inapagável. O diamante (e o amor) de mentira vai nos virar do avesso, nos fazer sentir especial até darmos os primeiros passos com ele e perceber que ele desfila com mais duas mulheres na festa, também iludidas pela exclusividade que ele prometeu. E percebemos que não somos a única. E nem a mais estilosa, afinal, vamos admitir, ele combina muito mais com a morena tatuada de cabelos curtos do que com a gente.
Entre joias ou bijuterias, prefiro aquilo que não imita nada. Aquilo que é exatamente o que se propõe. Porque tem dias que um anel descartável ou um amor passageiro é tudo que a gente precisa. E outros que o investimento vale a pena para levar um companheiro de aventuras ao nosso lado, entrelaçado em nossos dedos pelo resto de uma vida ou, pelo menos, grande parte dela.
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