Sapiossexual – A inteligência que realmente nos interessa
“Sapiossexual: Aquele que é atraído sexualmente pela inteligência, visão de mundo, bagagem de conhecimento e/ou nível cultural alheio.”
A identificação imediata que este termo me causou me fez sentir um tanto culpada por tamanha nojentisse pseudointelectual. Como assim excitada pela inteligência alheia? É ter orgasmos com uma explicação genial sobre a teoria da relatividade? Convidar o gênio semi-virgem da faculdade pra uma conversa de pé de ouvido? Cruzes!
Mas eu me perdoei rápido por essa culpa injusta: é que entendi – e tratei de me convencer – que a inteligência que nos interessa não é essa inteligência monótona de quem decora fórmulas matemáticas que nunca usou e nunca usará, paga de intelectualzóide nas redes sociais e usa – mesmo em conversas informais – termos gigantes e complicados que até a sua avó consideraria antiquados.
A Inteligência que realmente seduz nove entre dez mulheres – e homens, acredito – é aquela que poderia ser mais adequadamente denominada ‘sapiência’. É a inteligência sutil, despretensiosa, de quem não busca se afirmar, mas se revela aos poucos, o mais naturalmente possível.
É a inteligência de quem conhece de música – leia-se: de boa música – de quem sabe portar-se em qualquer discussão – mesmo naquelas sobre um assunto sobre o qual não tenha absoluto conhecimento. De quem discute política mundial sem parecer pedante e consegue falar de filosofia sem ser monótono. De quem já leu bons livros e já viu bons filmes – veja bem, não precisa ser o maior entendedor de Almodóvar e Tarantino, nem ter lido Nietzsche na adolescência, entende? Basta ter sobre o que conversar. Basta ser minimamente interessante.
O segredo, na verdade, está no equilíbrio. Na fala pensada e no silêncio oportuno. E, principalmente, na falta de vontade de provar que conhece, que sabe. O segredo está na inteligência que se revela nos detalhes, nas entrelinhas.
É como num prato bem feito: se o tempero sobressai demais, enjoa. Torna-se indesejado, inoportuno. Mas, se ele se revela no finalzinho do paladar, torna-se a verdadeira cereja do bolo. Deixa aquele gosto de quero mais que nos faz repetir quantas vezes nossa fome permitir.
A inteligência que nos interessa é inteligência dosada, conveniente, charmosa. A fusão exata das múltiplas capacidades humanas – inteligência pessoal, musical, de linguagem – e não precisamente a inteligência convencional e enciclopédica. Mas se há uma certeza nisso tudo, é que a falta absoluta de inteligência – seja lá qual for – é mais brochante que a minha avó pelada dançando I Want to Break Free.
3 comentários abaixo sobre Sapiossexual – A inteligência que realmente nos interessa
Percebi que tenho tendência a atrair mulheres que cultivam o comportamento sapiossexual. Lamento apenas que nenhuma delas eram correspondentes em erudição. Mas se eu cruzar na vida com uma morena de gostos culturais e artísticos semelhantes, me apaixono… Rsss.
Parabéns pelo artigo.
Sou cisgênero, mas sinto atração por homem, nada afoito, tranquilo! Na faculdade é que aquele ambiente mais de aproximação, eu e um colega, fora do contexto de idade média dos calouros: eu com 27 e ele com 35 anos, passamos a fazer trabalhos em equipe, mais juntos, nos conhecendo mais, até que ele buscou transar e disse que nunca havia sentido desejo por homem e, parecia ser sincero, ao perceber eu desejando ele nas preliminares, foi começando me penetrar, mas com bem pouca ereção, até me pediu desculpa e sugeri conversarmos, como estávamos, ai que me liguei que a atração dele era pelo que conversavamos, meus conhecimentos gerais, foi tendo ereção e, acabei tendo orgasmo prostatico, no final ele disse será que tinha sido a conversa ou ele tinha se interessado por mim! Ai disse a atração começa primeiro na mente, como aconteceu com ele, nitidamente, quando conversavamos!
As suas palavras traduziram exatamente o que sinto e penso. As pessoas inteligentes não são aquelas que tentam nós impressionar. Não se trata da inteligência de decorar textos, saber tudo o planeta Saturno, tudo a respeito de tal pessoa ultra importante na história, mas da sabedoria, atitude, a espontaneidade, a comunicação simples…
Posso considerar uma pessoa bonita, mas não é determinante para ter uma relação sexual, por exemplo. Ou construir um relacionamento. Prefiro a solidão muitas vezes. Há 12 anos não namoro e me sinto muito melhor, muito mais preenchida do que quando me relacionava afetivamente. Meu desejo por alguém surge pela sabedoria, comportamento, educação etc…