Sete dias depois
Essa semana que passamos longe foi um pouco confusa pra mim. Me fez perceber que eu sinto a sua falta mais do que como só uma amiga, mas isso ainda é confuso pra mim. Me fez sentir falta da sua companhia, do seu sorriso falando de teatro, dos seus pés no meu colo enquanto reclama da vida. Me fez sentir falta do nosso sexo, do nosso pós-sexo onde nós dois estamos acabados e em êxtase. Me fez sentir falta do que o nosso sexo causa, tanto em mim quanto em você. Me fez sentir falta de te ouvir falar: “ninguém nunca me comeu desse jeito”, enquanto eu sorrio feito criança elogiada pela professora na reunião de pais e alunos, na frente de todo mundo. Me fez sentir falta do seu cafuné que me acalma e da sua calma que me irrita.
Foi péssimo passar uma semana sem poder reclamar de nada pra você, sem ouvir de você como eu sou chato e resmungão, sem o seu olhar que quase me atravessa e das suas unhas nas minhas costas quando eu estou dentro de você, como se você estivesse pedindo pra eu não sair de você nunca mais. E acredite, por mim eu não sairia nunca mais. Acordar sete dias sem a sua cara de espanto seguida por um prazer absurdo e repentino porque acordou com a minha mão dentro da sua calcinha é péssimo. Escrever sem você sentada na minha mesa, linda, nua, cantando Ana Carolina com os olhos fechados é a pior maneira de escrever. Terminar uma cena e não ter você para se meter e querer mudar tudo o que eu fiz não tem a menor graça.
É a pior sensação do mundo estar sentado calmamente vendo TV ou escrevendo e não ver você entrar correndo pela porta, esbaforida, porque tinha uma lagartixa na porta da sua casa e você não conseguiu entrar, e Deus!, agora vai ter que dormir aqui! E você dorme mesmo, linda, enroscada em você mesma, que nem uma criança que dorme debaixo da cama pra esquecer os trovões lá fora. Não pode planejar viagens com você, passeios e não poder ficar feliz em saber o quanto você se daria bem com meus amigos, isso é horrível. E, egoistamente, espero que esses dias tenham sido tão ruins para você quanto foram para mim.
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