Sumi, sim!
Sumi no primeiro instante em que me dei conta de que era apenas um divertimento. Não é que não fosse divertido. Não é que eu não posso admitir que também gostava muito da situação, mas chegou uma hora que eu cansei. Enjoei depois de te dar todas as pistas e provas sobre o meu envolvimento e te ver se esquivar com tudo. Eu fui embora na hora em que percebi que de jogadora, passei a ser o jogo.
Ainda tive que ouvir você recitar Caetano. Tive de aturar os versos “então, tá combinado, é quase nada / é tudo somente sexo e amizade”. Aturei aquele dia por conta de todo o tesão que estava sentindo e que queria colocar pra fora, mas logo depois de amassar os lençóis, você pegou sua roupa e foi embora. Eu me senti uma puta, sabia? Aliás, uma puta pelo menos saberia que o esquema era aquele. Foi o que faltava pra eu me dar conta.
Não quero te culpar ou te julgar. Na sua cabeça, você estava certo. E, claramente, não posso dizer que estava errado. O problema foi você não ter enxergado além do pinto. Foi não ter entendido que ao seu lado existia alguém disposto a ser bem mais que um encenação. Quer dizer, isso foi um problema pra mim. Eu que acabei me deixando levar por tudo que era bom sem conseguir me dar conta de que era apenas uma curtição.
Até que eu sumi.
Sabia que poderia demorar até você perceber que algo tinha mudado. Com tanta gente pra dar atenção, por que se preocupar com apenas uma que sumiu, né? Mas o bom pastor sempre vai atrás da ovelha que se desgarra do rebanho. E olha você aqui agora. Mandando mensagem de “sumida” logo de manhã pra ver minha reação e testar meu humor.
Eu tô bem.
E vou continuar sumida.
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