Um lugar que era teu
Durante muito tempo eu esperei que você reaparecesse aqui. Pedindo pra voltar, chorando, sorrindo, me pegando pelo braço, implorando. Fazendo aquela cena. Aprontando uma loucura. Esperei que você jogasse uma pedrinha na janela e, com um buquê no meio da madrugada, me pedisse em casamento sabendo que errou e que eu sou a pessoa da sua vida.
Você não sabe por quanto tempo eu quis uma notícia sua, uma migalha, só pra saber se você sentia a minha falta. Se a Saudade te acompanhava ou se eu tinha virado uma mania sua, escrevendo nossos nomes no box embaçado. Eu atormentei amigos em comum, eu liguei pra quem não deveria, eu enchi o saco.
Fui aprendendo que a gente não pode mendigar o sentimento, mas ainda assim esperava que a sua lembrança te fizesse lembrar tudo que passamos e, então, num insight, você voltaria. Eu rezei. Fiz promessa. Pensei em abolir coisas, deixar de ser quem sou.
Decidi fazer diferente, me libertar de alguns vícios e me encontrar. Ser melhor só pra que, quando a gente pudesse se encontrar de novo, você visse todas essas mudanças e como eu quis ser melhor pra você. Foi todo um processo durante o Tempo que você não esteve por aqui.
Eu segui um conselho que me deu e procurei algumas amigas de infância, nós nos encontramos, saímos. E o meu tão elogiado sorriso me serviu de abrigo nas noites que sentia a tua falta. Eu era feliz, mas pela metade. Sabia que faltava algo: você retornar. Revi minha rotina, revisei minhas prioridades, realinhei meus projetos. Reorganizei minha Vida.
Vivi deixando o teu lugarzinho vago.
E aí, quando eu recebi aquela mensagem, te vi na minha frente — de buquê e tudo, falando coisas, armando a cena, colocando pra fora coisas sentidas nesse intervalo todo e, finalmente, pedindo para me pertencer para sempre, quando você fez tudo que eu esperava que você fizesse, um estalo na minha cabeça fez com que eu sentisse pena de você.
Depois, deu vontade de te dar um chute, mas acho que a Vida já estava fazendo isso contigo. E, mesmo morrendo de vontade de te mandar à merda, eu apenas sorri e disse que “não”. Não que eu não tenha achado lindo. Não que eu não tenha me comovido ou me sentido um tanto mexida. Nada disso. Mas é que, quando eu coloquei tudo no lugar, não tinha reparado que as coisas já estavam arrumadas e não carecia de nada a mais.
Já não havia espaço pra você na minha Vida.
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