Uma carta realista
Oi, como você tem passado os dias? Pode responder daquela maneira vazia só com uma palavra. Espero que esteja assim mesmo. Vazio. Que você esteja sentindo falta de alguma coisa na sua rotina. Mas que dê pra seguir, mesmo carregando esse peso. Sabe, aqui tem sido praticamente assim. Só que não deixei o orgulho me calar e resolvi, pelo menos, dar o primeiro passo e escrever. Se esperar você tomar uma atitude, a gente não sai nunca do lugar.
Eu te amo. Isso é um fato. Eu não te quero de volta. Isso é outro fato. Sabe todas aquelas chances que eu te dei? Eu não vou te dar mais uma. Se você quiser vir aqui me fazer mudar de opinião, sinta-se à vontade. Pode ser que eu mude mesmo. E pode ser que eu mude porque eu não vou dizer “nunca” pra uma pessoa que me fazia sorrir, que me fazia bem, que me amava e que estava comigo pra tudo. Se de algum modo você me provar que ainda temos condições de ser assim, por que não?
Coração é burro. Por mais que a gente tente escolher as palavras, ele sempre vai colocar, em algum momento, a carroça na frente dos bois e vai falar merda. Falamos muito um pro outro, lembra? Aquelas briguinhas, picuinhas que não levavam pra lugar nenhum e hoje me entristecem por terem provocado grande parte do nosso desgaste. Foram boas se, no futuro, eu não as repetir contigo. Ou com o outro amor que pintar para mim. Não vou dizer que estou procurando, mas você, melhor do que ninguém, sabe que a gente encontra as coisas especiais quando não estamos prestando atenção. Mesmo.
Outro amor pode vir. Pode ser que fique uma noite, pode ser que fique uma vida e você vai lamentar ter me perdido. Calma, pode ser que algo melhor esteja guardado pra você. Sério. A gente pode achar que o melhor é ficar junto hoje, mas amanhã não. Tudo bem, amanhã ainda é longe pra caramba e o ontem… bem, a gente estava junto ontem. Hoje eu tô numa boa. Sossegado porque os olhos pararam de chorar, o coração tá parando de apertar e você começa a sumir da minha rotina. Te escrevo antes que suma completamente.
Veja, eu não estou aqui me despedindo. Você me disse adeus em cada erro seu e eu confirmei a partida a cada erro meu. Mas voltas acontecem. Fechei a porta uma vez e não foi legal. Pra você, eu deixo a porta encostada e o pedido que entre no escuro mesmo. Você já sabe onde fica exatamente cada coisa, e se souber me encontrar, vai ter certeza que aqui do meu lado ainda é o seu lugar. A casa será sempre sua. Se não encontrar um amor na volta, que seja ao menos uma amizade.
Vai. Deleta, rasga e esquece que leu isso. Ou chora. Ou sorri, ou lembra de algum momento bom, de outro ruim. Pode ser que muita coisa passe pela sua cabeça. Te escrevo porque acho que amores feito o nosso não precisam ficar sem resposta nem ponto final, ainda que esse ponto final nos leve a outro parágrafo e não ao fim do texto. Fica bem e se cuida, porque eu já não posso fazer algumas coisas que fazia pra te ver bem.
Um beijo.
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