Vamos com calma…
Calma lá, meu amigo. Quem você pensa que é para se achar no direito de ditar o ritmo da minha loucura e da minha paixão? Sinto lhe informar mas nem eu, munida dessa liberdade inescrupulosa de lhe beijar sem lhe pensar, fui capaz de controlar o momento em que o calor se converteu em paixão. Não sei em que planeta você viveu até hoje e se com você normalmente acontece diferente mas por aqui costuma ser assim mesmo. De supetão.
Eu adoraria saber seu ascendente previamente. Gostaria de saber se você é de escorpião e já preparar o coração para a decepção. Gostaria de saber se você já fez um mapa astral. Se acredita em numerologia. Se tem uma religião. Eu gostaria de saber se você prefere Toddy ou Nescau. Se dorme de lado ou de bruços. Se é notívago ou diurno. Se é #baconlover ou #semglútensemlactose.
Eu gostaria de ter feito planilhas e calculado nosso mínimo múltiplo comum. Gostaria de ter comprado algumas roupas novas ou pelo menos um sutiã menos surrado. Acredite: eu também gostaria de ter esperado. Mas não deu. E não deu porque minha paixão não tem saco para burocratização. É isso mesmo, meu amor: eu não vou com calma não.
Não estou dizendo que te amo, não me venha com pretensão. Estou dizendo que eu quero viver essa paixão religiosamente. Sem nenhuma precaução. Já vivi algumas dúzias de paixões. Às vezes dói, mas passa rápido. É bem gostoso. Não se preocupe não.
Eu não tenho culpa dos seus traumas. Meus defeitos são todos outros. Não vou esperar você percebê-los para decidir se pretende se entregar ou não. Eu quero viver essa paixão agora. Acho lindo todo esse lengalenga de ponderação mas eu só sinto; não vou com calma. Comigo normalmente é assim mesmo: ou sinto muito ou sinto muito mas eu não sinto nada não.
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