10 surpresas da vida adulta que mostram que estou tão perdida quanto você

Você já leu o termo Adulting na internet? Aqui na California está começando uma polêmica sobre essa hashtag #adulting (que em português seria um verbo inventado “adultar”, ou seja, ser adulto). O urban dictionary define: adulting é fazer coisas de adultos e ter responsabilidades como manter um trabalho, pagar o aluguel ou a hipoteca, pagar seu carro, ou qualquer outra coisa que você acha que os adultos fazem”.
O que acontece é que os jovens estão usando a hashtag para escrever sobre seus “desafios diários” em ser adultos. Os Tweets são hilários e mostram como é difícil crescer:

– “2o dia de #adulting: fazer café da manhã sem disparar o alarme de incêndio”
– “Toda a louça lavada #adulting”
– “Saí para comprar papel higiênico #adulting”

E aí eu penso na minha avó. Ela diria que “essa geração está mesmo perdida, vocês jovens não sabem nada sobre a vida. Na minha época é que os jovens tinham valor…” e continuaria um longo discurso sobre como ela começou a trabalhar aos 14 anos e por aí vai. É vó, você está com a razão. Eu estou perdida. E às vezes não tenho a mínima ideia do que é ser adulto. Mas está tudo bem. Quer saber uma coisa? Vou me divertindo enquanto procuro a direção para seguir.

Então hoje resolvi compartilhar minhas próprias “decepções” sobre o que é crescer e #adulting. Vai lá, talvez eu esteja tão perdida quanto você.

1 – Eu já deveria saber todas as respostas sobre a vida, ter tudo planejado e organizado? Como assim?

Gente, a verdade é que quanto mais o tempo passa, menos respostas eu sei sobre a vida. Hoje, aos 27 anos, estou muito mais perdida do que estava aos 16. Pelo menos naquela época eu até sabia o que queria fazer da vida e, aparentemente, tinha um plano: fazer a faculdade, começar a trabalhar, viajar, ter cachorros e filhos lá pelos 25 anos. E o “futuro” parecia tão longe. Hoje o futuro é agora. A faculdade rolou, viagens estão acontecendo, mas nada, absolutamente nada, é da maneira com que planejei. Só sei que nada sei.

2 – Tudo que planejei para meu futuro ainda não aconteceu. Fracassei? Como assim?

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Não, não fracassei. O problema é que a expectativa que criei quando era mais nova era completamente irreal. Na minha imaginação de 12 anos, aos 21 eu estaria casada com um dos Backstreet Boys viajando o mundo em turnê e minha grande ação como “adulta” seria mandar na minha vida e começar a tomar um copo de leite com 8 colheres de Nescau pela manhã (porque minha mãe só deixava usar 1 colher). Não foi bem assim, mas estou tranquila. Só conheci os Backstreet Boys aos 24 anos e não casei com nenhum deles. Ah, e só consegui aguentar tomar um gole do meu “Nescau de adulta” feito com 8 colheres.

3 – Será que o mundo inteiro sacou o que é ser adulto menos eu? Como assim?

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É só logar no Facebook para ter a sensação de que sou a única jovem mulher no mundo que não sabe “ser adulta”. Minhas amigas postando fotos maravilhosas do camarão na moranga que elas fizeram, outras pagando suas contas mensais e fazendo imposto de renda, outras alimentando com couve orgânica os seus bebês perfeitos nos seus quartinhos montessorianos. Enquanto isso, eu estou aqui. Assistindo Netflix, comendo um miojinho na manteiga depois de colocar água nos pratinhos das violetas (os únicos seres vivos que eu consigo cuidar por enquanto).

4 – Precisa ir ao mercado todo mês? Como assim não dá pra pedir delivery de comida todo dia?

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Sempre sonhei em morar sozinha e comer tudo que eu quisesse o tempo inteiro. Segunda-feira, comida árabe. Terça-feira, comida japonesa. Quarta, tailandesa. Quinta, italiana. E por aí vai. Mas a vida real não é uma volta ao mundo gastronômica toda semana. Pedir comida em casa custa caro, não dá pra chamar o motoboy todo dia. Então, tive que aprender a fazer compra do mês. Quer coisa mais de adulto do que isso? Só nunca imaginei que chegaria ao extremo e que eu me transformaria na minha mãe: um ser humano que vai ao mercado umas três vezes por semana.

5 – A minha melhor amiga não vai morar comigo para sempre? Como assim?

gif-post-luDe todas, essa é a história mais real. Lembro até hoje quando, no auge dos nossos 11 anos, a Deise, minha BFF (Best Friend Forever) virou pra mim e disse: “amiga, eu nunca quero morar sem você comigo. Quando a gente casar, promete que a gente vai morar os quatro todos juntos? Eu, meu marido, você e seu marido” . Eu prometi, mas parece que isso não vai rolar. Ela tem a vida dela, eu tenho a minha. Desculpa aí Dedê Maria, mas pode vir aqui pra uma festinha do pijama uma vez por ano. Só não esquece de trazer o vinho quando vier.

6 –  Não pode jogar toda roupa na máquina de lavar? Como assim?

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Essa lição eu aprendi da pior maneira possível quando morei sozinha pela primeira vez, fui fazer lavanderia e TODA minha roupa de cama branca ficou cor-de-rosa. Eu até já sabia que é preciso separar roupa branca de roupa colorida na hora de lavar, mas sabe como é… resolvi ser vida loka porque não acreditei que fosse verdade esse lance de manchar roupa. O lance é real. Aliás, esse tópico é específico para a lavanderia, mas serve para todas as lições de limpeza de casa: a louça não se lava sozinha, papel higiênico não “brota” no banheiro, a cama não se auto arruma pela manhã… e por aí vai.

7 – Tem que levantar cedo no inverno? Tem que levantar cedo no verão? Tem que levantar cedo todo dia? Como assim?

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Olha, ninguém tinha me avisado dessa parte em ser adulta. Na época da escola eu podia matar aula porque ou estava muito frio ou estava muito calor. Gente, sério, os adultos deveriam incorporar essa regra climática no mercado de trabalho. Dia de frio foi feito para ficar vendo Netflix na cama. Dia de sol foi feito para ir pra praia. Está bom?

8 – Eu preciso saber cozinhar mais do que pão com ovo, pipoca e brigadeiro? Como assim?

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Agora eu entendo porque minha mãe ligava o programa da Ana Maria Braga no volume bem alto de manhã. Ela queria que eu absorvesse por osmose algumas receitas. É gente, na vida adulta não rola sobreviver só de miojo, pipoca, brigadeiro e pão com ovo. De vez em quando a gente vai se aventurar pela cozinha. Se eu aprendi até a fazer pad thai, você com certeza vai conseguir cozinhar qualquer coisa!

9 – Não pode puxar o cabelo do coleguinha de trabalho? Como assim?

gif-luuLembra no jardim de infância quando a gente ficava com raiva do coleguinha e dava um puxão nos cabelinhos dele pra ele aprender a não roubar seus brinquedos no playground? Na vida real de adulto não pode. Não importa o quanto de raiva você esteja, a vida adulta exige que você saiba perdoar. Mesmo quando seu colega de trabalho pega todo seu relatório e apresenta para o chefe como se ele tivesse escrito. Lembra? Não pode puxar o cabelo do coleguinha!

10 –  Não pode chorar, se descabelar, fazer birra, gritar no meio da rua? Como assim?

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É gente, a vida adulta não é fácil. Mas esse último tópico não é 100% verdade. Até dá para fazer a Robin (HIMYM) e se esconder embaixo da mesa do escritório.
Eu continuo chorando, me descabelando, fazendo birra, gritando… só não faço isso no meio da rua. Sabe o que acontece? Saio de casa segurando o choro, no carro desligo o rádio pra não ter perigo de tocar alguma música triste da Cássia Eller que vai me fazer chorar em 3 segundos. Chego no trabalho e vou desviando de qualquer assunto polêmico que me deixe emotiva. Na hora do almoço, evito cebola e outros temperos que deixam os olhos mareados. Afinal, não dá pra correr o risco de começar a lacrimejar e virar uma tempestade de choro. No final do dia, nem olho pro céu; o pôr-do-sol sempre me emociona. No elevador do meu prédio, vou engolindo o choro…. no corredor tento encontrar a chave e uma lágrima já está escorrendo – maldita lágrima, ela já sabe que chegou a hora de se soltar! Abro a porta…. e lá vem a enxurrada. Grito, choro, me descabelo. Mas como sou adulta, ninguém fica sabendo. Talvez só o vizinho do andar de baixo saiba.

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