A gente nasceu para se reinventar
Ainda hoje, as memórias do Facebook me relembraram um eu que já deixei de ser faz algum tempo. Engraçado como a gente muda, não é? Não é só o cabelo ou o formato do rosto, a espessura da pele e uma ou outra ruga de expressão, é algo por dentro que cresce, que vigora. É como se fôssemos uma árvore, de fato. Com o passar dos anos, as raízes vão se fortalecendo, ficando mais grossas, conseguem conduzir melhor os sentimentos, transformar alguns em energia e condensar outros nas folhas que caem nos outonos dos anos.
O bom dessas lembranças que surgem aleatoriamente é que elas quase sempre trazem outras pessoas. Outros momentos. Gente que já amamos tanto, que já juramos amor eterno, pessoas que não nos imaginávamos vivendo sem, mas que com o fim de certos relacionamentos, de algumas histórias, assumem seu lugar na moldura do passado e passam. Como se novos quadros fossem pintados e expostos para as novas pessoas que chegaram para ver a vernissage do presente.
Não entendo mesmo gente que não gosta de mudar. Gente que a gente conhece e que vive a mesma vida, da mesma forma meio morna, meio apática e não decide pôr um ponto final. Por um de continuação. Por vírgulas, pelo menos. Gente que parece que se acomoda com o que não faz feliz. Gente que acha que a vida é isso aí mesmo, que não faz sentido mudar ou que a mudança não fará diferença alguma. Amigo, faz. A gente nasceu para se reinventar.
De quem eu fui um dia, a única coisa que não mudou tanto foi a minha tatuagem. Mas até ela precisa, volta e meia, de uma nova cor. É que o tempo não apaga só as pessoas, ele também apaga certas marcas. O que quero mesmo dizer é – que bom que eu, em tão pouco tempo, me permiti mudar tanto. Trocar certezas de lugar. Trocar de estilo de vida, de alimentação, de gosto musical, deixar de lado certos estereótipos, me abrir para novas opiniões. Que bom que escolhi viver. Que escolhi me sentir vivo.
Para mim, nada resume melhor a vida do que os ciclos. As estações do ano. A gente floresce, passa calor, se despede das folhas velhas, passa um pouco de frio por isso, mas não tarda para o colorido voltar e reaquecer os corações.
Taí. Daqui a um ano, espero que o Facebook me relembre de quem sou hoje só para eu ter certeza se escolhi, mais uma vez, o caminho certo. O caminho da mudança. Da metamorfose. Da liberdade. Deus me livre de escolher, por qualquer motivo que seja, ser só isso que sou hoje. Quero mais. Quero muito mais. Quero ser alguém melhor, ter mais experiências, aprender novas coisas, cortar o cabelo de jeitos esquisitos mais algumas vezes e usar umas roupas que, com certeza, farão meus futuros filhos fazer piada.
Não entendo mesmo gente que não gosta de mudar. Gente que a gente conhece e que vive a mesma vida, da mesma forma meio morna, meio apática e não decide pôr um ponto final. Mas vou deixar que cada um assuma as próprias responsabilidades. Não cabe a mim julgar. O novo eu que sou agora aprendeu isso recentemente. Tá vendo? Viver é mágico. Mudar é fantástico! Quero ser uma pessoa diferente a cada dia. Por ora, sou alguém que decide pôr um ponto final. Até logo!
Comentar sobre A gente nasceu para se reinventar