A sabedoria de desistir
Sabe, eu lido com pessoas o tempo todo, meu trabalho vai na direção de tornar-me um atalho que ajude uma pessoa que sofre a ser mais consciente de si e, portanto suportar a dor até que possa se libertar daquilo que a aprisiona e faz mal.
Curiosamente o motivo pelo qual muitas pessoas se debatem interminavelmente é a fixação incessante em algo que consideram bom, gostoso ou vantajoso. Ainda mais emblemático é notar que mesmo que esses bons atributos já tenham ido embora a pessoa permanece lá, como um cão solitário esperando pelo dono que nunca vem. O Budismo explica que a raiz de todo o sofrendo é o apego, mas um tipo de apego que é mais uma insistência em algo que sabemos ser mutável, imprevisível e finito, a vida.
Quando nos apegamos cegamente a algo ou alguém esperando que isso não mude e nos dê satisfação perpétua estamos caindo numa armadilha perigosa. Sabe aquela arapuca óbvia de pegar passarinho? Caímos nela diariamente ao idealizar que as pessoas, incluindo nós, não mudam e que seus sonhos e desejos podem ser congelados numa bolha protegida. Nesse mundo onde ansiamos por segurança mora toda a dor que experimentamos. Queríamos permanecer jovens e envelhecemos, queríamos ficar saudáveis e adoecemos, queríamos passar na faculdade e não passamos, queríamos amar alguém especial e quando ele chega o achamos chato.
Estamos presos na rosa interminável do apego a velhas ideias, conceitos antigos e desejos ultrapassados. É o novo que nos apavora, aquele mesmo que cantamos aos quatro cantos do mundo que queremos ver de frente. Quando a mudança traz o novo congelamos de medo. Deixamos o sonho engavetado, recuamos para o mesmo e seguimos a vida queixando inutilmente o que poderia ter sido e não foi.
Saber a hora de deixar algo de lado é muito valioso, é coisa daqueles sábios que na hora definitiva seguem seu caminho sem olhar para trás. É preciso ser gente grande para poder deixar-se o tempo todo e ainda assim ter muito mais de si a oferecer. Gente pequena briga por migalha, pouca coisa e brigas vãs. São essas que morrem de tristeza e se arrastam sozinhas querendo que todo mundo siga sua meia dúzia de regras sem sentido. Tudo para manter cada peça sob controle. Essas coisas se sentem como coisas. Se quer ser gente grande, aquelas que os outros respeitam sem que precise argumentar precisa saber principalmente deixar e deixar-se ir todo dia. E a cada dia que passa depositar sua cota de identidade no passado e seguir para o desconhecido. Aquele bom e incontrolável que denomino como: dia de hoje.
Para quem se apega muito, rói o osso sem largar e não deixa o passado para trás eu faço o convite de conhecer o curso online em vídeo “Como se libertar do ex” no Treino Sobre a Vida [http://treinosobreavida.com.br/ ]
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