Ao invés de tentar repetir emoções, busque uma nova primeira vez

por Marina Melz

Todo mundo já passou por isso: você sai com alguém e é incrível. A primeira vez que a gente gargalha com junto outro sorriso é sempre marcante, como todas as primeiras vezes são. Aí a estratégia é repetir. O mesmo lugar, as mesmas circunstâncias. Você sai de casa querendo de novo aquele encantamento e volta achando que “foi legal, mas a primeira vez foi melhor”.

Quando você se apaixona por alguém pela primeira vez – pode ser atravessando a rua, num sorriso que cruzou com o seu e você nunca mais vai ver ou num encontro no melhor restaurante da cidade – essa será a única vez. Você não vai se apaixonar de novo por qualquer pessoa exatamente daquela maneira. Você não vai se apaixonar por ninguém daquela maneira.

Ouvi outro dia que alguns viciados em drogas chegam a essa situação porque aumentam as doses buscando sempre o efeito que tiveram pela primeira vez. Como não conseguem, acabam ingerindo cada vez mais substâncias químicas e muitas vezes chegando a um caminho irreversível.

A primeira vez de qualquer coisa é a mãe da frustração. Nosso cérebro tonto registra aqueles momentos – bons, espontâneos, divertidos e, claro, novos! – e quer repeti-los à exaustão. Ele só esquece de que a primeira vez é a única vez. Não existem duas chances de viver uma primeira vez. E aí reside um dos segredos de pessoas felizes: elas parecem não ter medo de se entregar de corpo e alma a essa novidade, talvez por saberem que aquele momento não vai se repetir.

Outro desafio parece estar em parar de querer uma segunda vez para uma sensação boa e buscar outra, ainda melhor, para estrear. Se reinventar todos os dias no amor, nas amizades, no sexo, no trabalho. Entender que não existe comparação entre duas paixões porque elas aconteceram em tempos diferentes, e o tempo nunca se repete. Entender que não adianta ir ao mesmo restaurante, fazer o mesmo percurso, reclamar das mesmas coisas buscando reações iguais.

O ineditismo da primeira vez de qualquer coisa faz com que ela seja um mito. A escolha é sempre nossa: podemos viver aquele momento e deixá-lo registrado pra sempre pela emoção que causou ou temer que ele seja registrado pra sempre e esquecer de torná-lo inesquecível.

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