Cássia Eller e as coisas tão mais lindas

Cássia soube dar voz a muitas de nossas dores com a explosão que fazia em tudo que cantava. Subia ao palco e ali se libertava – fora, era doce e tímida. Logo se tornou uma figura emblemática no Brasil, que conheceu pouco de tudo que ela era.

Mas ela ainda cabe na música brasileira de um jeito especial: rebeldia e amor calcando o que ela deixou em termos de música. Ela raramente compunha, mas transformou a obra de muita gente em coisa dela. Colocou alma a mais.

Partido Alto, do Chico Buarque, ganhou uma interpretação e uma malandragem de arrepiar:

Deus me deu mãos de veludo
Pra fazer carícia
Deus me deu muitas saudades
E muita preguiça
Deus me deu pernas compridas
E muita malícia
Pra correr atrás de bola
E fugir da polícia
Um dia ainda sou notícia

Para além da música, ela era casada com Eugênia e seu mundo ficaria completo com a chegada de Chicão. Durante a gravidez, Renato Russo deu a Cássia “1 de julho” como presente:

Vamos descobrir o mundo juntos, baby
Quero aprender com teu pequeno grande coração
Meu amor, meu Chicão

Depois da morte da cantora, Eugênia e Chicão lutaram em tribunais para permanecerem juntos. A luta deu voz as muitas famílias que existem por aí.

Chicão hoje segue os passos da mãe. A voz e o sorriso entregam:

Cássia ganhou um documentário sobre sua trajetória, uma homenagem emocionante e sem máscaras. Além dos retratos da infância e imagens dos primeiros shows, o filme conta ainda com depoimentos de Nando Reis, Zélia Duncan e Nancy Ribeiro, mãe de Cássia.

E tudo isso ainda parece pouco diante dela, diante de tudo que os 39 anos dela nos proporcionaram. Aliás, obrigada, Cássia Eller.

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