Conheci ela no Tinder
Sento na mesa com alguns amigos e um me pergunta como foi a noite com aquela menina do aplicativo. Um logo solta aquela máxima que já tem sido bem repetida que “esses apps tão mais pra cardápio do que pra encontros reais”. Todo mundo ri. Eu viro e pergunto “cara, você já parou pra pensar que ele substitui uma balada sem o ônus de você ter que pagar os olhos da cara pra entrar?”
O que começaria no escurinho, já termina logo na cama.
Só que a análise não pode parar por aí. Achar que os Tinders da vida se tornaram apenas isso é fechar os olhos para tantos encontros fodas que acontecem entre gente que, sim, está disposta a encontrar e ser um parceiro bacana. Alguns desses encontros já deram até em casamento. E é só eu dizer isso que muitos riem.
Aqui talvez eu faça uma caricatura e você pode até achar que estou compondo uma cena com vários tipos distintos, mas é fácil imaginar aquela roda masculina em que um solta “vai dizer que você se preocupa se ela goza também!”. Dá vontade de partir pra uma briga ao ouvir algo assim, mas eu sorrio e digo que “sim, ela gozou”. E todo mundo logo faz um “hmmm”.
Não, não me acho o “máximo”. Deslizo muito ainda no meu machismo e tento ser apenas um cara melhor. Sobre a noite com a menina, resumo apenas ao comentário dito e que encerrou a discussão, passando logo pro futebol e sem mais nenhuma menção ao que fiz ou deixei de fazer com ela. Até um momento que alguém se lembra e pergunta: “Ela te deu no primeiro encontro?”
Eu só consigo revirar os olhos e dizer “a gente não vai discutir isso, né?”. Um outro dá sua opinião, mostra o quão idiota foi a pergunta e até vemos algum progresso naquela mesa. Mas já deu. Dou mais cinco minutos, pago minha parte e vou embora.
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