Cuidado com o feminismo
Os movimentos femininos dos últimos tempos são umas das maiores e mais proveitosas revoluções para a mulher. E, vale dizer, para o homem também.
Interessante porque a mulher passar a ter maiores horizontes e possibilidades – aumentar horizontes é algo muito bonito e útil na vida de alguém – e é proveitoso para o homem que se ligou. Ele passa a ter mais chance de compreender as reais necessidades de uma mulher, estabelecendo uma relação menos omissa, mais verdadeira.
Mas aí que entra o meu papo de cautela: mulheres, não queiram ser melhores que os homens, mas busquem a igualdade com unhas e dentes.
Trato essa vontade de ‘ser melhor’ como um grande mal da humanidade. É só olharmos ao redor que vamos perceber: muitas e grandes coisas ruins acontecem pelas mãos de gente que, em algum momento, quis muito essa coisa de ‘ser melhor’. Também ando refletindo muito sobre essa coisa de ‘vencer na vida’. Tenho achado uma expressão negativa. Vencer envolve, necessariamente, a existência de um jogo. E, particularmente, tenho buscado a utopia de não considerar a vida um jogo.
Mulheres – e homens – se tivesse a chance de um pedido, eu agora diria: Não vençam na vida. Vivam com amor e honestidade, mas, se puderem, deixem pra lá esse papo de ‘vencer’.
Outro papo de cautela que em relação ao feminismo envolve equilíbrio. E, de forma indireta, também tem a ver com igualdade. Mas o equilíbrio em questão aqui envolve radicalismo e passividade.
Os movimentos ou atitudes feministas mais radicais têm na sua existência e modelo de ação algo muito lógico: estão, muito provavelmente, devolvendo um violência proporcional ao que sofreram. Aquela ideia de ‘não confundir a reação do oprimido com a violência do opressor’ tenta se aplicar aqui.
Vou contar uma pequena história como forma de exemplo: Conversando com uma parceira de ofício (a escrita), tocamos no assunto ‘a figura do editor’. Comentei que determinado editor não me respondia e quando o fazia, lá vinha patada. O cara era barra pesada, mas engraçado ao mesmo tempo. Ela, dando continuidade ao assunto, disse que recebia atenção total. Comentei – despretensiosamente – que era uma reação normal, afinal, além de tudo, ela era uma mulher linda. Ao que veio a imediata resposta:
‘Acho que é porque ele sabe da minha competência.’ Eu disse que, claro, mas que, também, porque ela era uma mulher muito bonita. Ela incomodou-se e eu me incomodei por ela ter se incomodado. Afinal, não é machismo quando, perante um homem, ela, além de ótima escritora, é uma mulher bonita. Não é assédio quando o corpo de um homem tem uma simples reação química, nesse caso: dar mais atenção a uma mulher bonita e competente do que a um homem simplesmente competente.
Achei exagerada a reação dela. Como eu disse, talvez ela realmente estivesse devolvendo um radicalismo que sofreu, mas, de verdade, não creio que essa devolução seja um caminho interessante.
Outro caso ocorrido: Participei de um grupo no Facebook que indicava trabalhos freelancers. Em determinado post, uma garota postou uma foto sua de biquíni e anunciou-se como dançarina. Quando começaram a surgir comentários do tipo: ‘A festa do meu sobrinho será na semana que vem. Aceita dançar por lá?’ ou ‘Ôoo uma dança lá em casa’, uma garota em específico se revoltou. Achou ofensivas essas duas respostas e se manifestou com radicalismo. Disse que exigia a retirada das duas mensagens pelos moderadores, pois elas ‘continham’ um ataque ao feminino.
Porque eu achei essa postura dela um excesso: A mulher anunciou-se como dançarina, postou uma foto sua de biquíni em formato de anúncio – o que é muito diferente de alguém usar biquíni sexy na praia, ou numa foto de Face – e deixou seus contatos. Recebeu respostas bem humoradas e, uma proposta real de trabalho. O cara que falou da festa do sobrinho falava sério. Então, ali, havia algo consentido.
Aí, quero desdobrar a palavra ‘consentimento’ para a sexualidade. Quando se tratam de instintos e desejos, é interessante respeitarmos as diferenças biológicas e comportamentais do sexo. Homem é biologicamente diferente da mulher e isso tem que ser comemorado. Quando o assunto é sexo e submissão, creio que um acordo entre o casal não pode ser considerado machismo. Se a mulher gosta de apanhar, de xingamentos, entre outras coisas, isso não é opção social, é sexual. Assim como não é feminismo um homem curtir apanhar e ser xingado pela mulher.
Afinal, seria uma grande besteira a mulher querer se igualar biologicamente ao homem. Enquanto o clitóris tem cerca de oito mil terminações nervosas, o pau tem entre quatro ou seis mil. Ou seja, como diz uma escritora americana: ‘O clitóris é uma metralhadora do prazer enquanto o pau é, no máximo, uma espingarda.’ Por isso que as mais atentas não podem cair fácil nesse papo de que ‘mulher só consegue gozar com a cabeça’. Mentira. Isso é blábláblá de quem só quer complicar a busca do prazer feminino. Quanto mais a mulher se conhecer – fisicamente falando – mais rápido ela atinge seu orgasmo, portanto, gozar é mais assunto físico do que psicológico.
É preciso que saibamos buscar o equilíbrio em qualquer manifestação do corpo e da mente. Viver envolve estratégia. Claro que algumas reações imediatas são extremamente interessantes e importantes, mas, na maior parte da vida, refletir ainda é o melhor caminho para se ter paz. Para não falar bosta sem embasamento. Para se respeitar as diferenças.
Mulher é o meu assunto favorito nas mais diversas interpretações que essa afirmação pode ter. Sou um fã do feminismo, mas se eu pudesse pedir algo, pediria: Cuidado com o feminismo. Ele, originalmente, trata de igualdade, não de supremacia.
Por isso, uma expressão que uso no meu dia-a-dia para fechar esse texto: tamojunto.
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