Cuidado para não assustar a moça!

“Pronto, meu amor, já está tudo certo para a nossa viagem do próximo final de semana! Ah, e meus pais também irão, tá? Eles estão loucos para conhecer você, a mulher da minha vida!” o mestre da precocidade disse, com um sorriso escancarado no rosto, da segunda vez em que a viu. “Amor? Nossa Viagem? Seus pais? A MULHER DA MINHA VIDA?”, ela se perguntou, aterrorizada como um hamster que já percebeu que logo será colocado em uma gaiola sem rodinha. E, sem pensar duas vezes, ela berrou algo supostamente capaz de espantar o ainda estranho que já se portava como se fosse um velho marido: “Fábio, eu odeio lavar a minha vagina!”. Mas ele, aquele que estava vestido como se estivesse comemorando bodas de ouro, não se abalou com o “golpe da ‘pepeca’ suja” e gritou algo ainda pior: “Não se preocupe, benzinho, por solidariedade e amor a você, eu também não lavarei a cabeça do meu pênis!”.

Tal afirmação fez com que todos – até mesmo o surdo garçom – arregalassem os olhos, perdessem o prumo das próprias conversas e começassem a sentir nojo do patê de gorgonzola que fazia parte do couvert. Mas a moça não desistiu de assustar o cara, e gritou (ainda mais alto) uma afirmação que considerou capaz de fazê-lo desistir dela: “Todas as noites, sem exceção, eu perco o controle do meu ânus e defeco mole sobre o lençol!”. Então o pânico tomou conta do restaurante, simpáticas senhoras fizeram aquela cara de ânsia de vômito (sabe qual é, né?) e o maître – com medo de perder toda a clientela daquela noite – aproximou-se do casal que estava vociferando nojeiras e educadamente disse: “Meus caros, peço que, por gentileza, saiam deste restaurante. Pois aqui é um luga…”. “Aqui é o lugar ideal para pedi-la em casamento!”, interrompeu o Mr. Precoce, sem deixar o maître concluir a frase e enquanto abria uma caixinha aveludada e negra. O brilho da aliança inesperada foi a gota d´água que fez com a moça se sentisse obrigada a usar um dos golpes mortais que havia aprendido nas aulas de Krav Magá (defesa pessoal do exército israelense).

Antes mesmo que ele tivesse tempo de fazer a pergunta clássica e de dizer a palavra “comigo”, ela enfiou um garfo nos testículos do cara. E o que parecia improvável aconteceu: diferente das azeitonas fujonas que, minutos antes, ela havia inutilmente tentado espetar com aquele mesmo garfo, um dos testículos acabou perfeitamente fincado no talher. Hoje o cara tem uma bola do saco de ferro e morre de vergonha sempre que é barrado pelo raio X de algum aeroporto. E, de acordo com o que dizem os poucos que ainda mantém contato com ele, o moço do bago pesado está ganhando uma boa grana com apostas: “Quer apostar R$ 100,00 que eu aguento uma martelada da bola esquerda?”, ele costuma dizer, antes de torcer para que o homem disposto a segurar martelo saiba, perfeitamente, a diferença entre “esquerda” e “direita”.

A fábula do homem do testículo de ferro foi contada por um sábio que, na verdade, só queria reforçar a importância de darmos um passo de cada vez. O sábio, de acordo com os que o conheciam bem, inventou a fábula por estar cansado de repetir ditados batidos, como “Quem tem pressa não come o c*!”.

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