Driblando o efeito borboleta, ou, destino

Nossas vidas são nada mais que uma enorme sucessão de encruzilhadas onde, se tivéssemos pego o caminho “a” ao invés do caminho ”b”, não teríamos nos atrasado para o trabalho ou poderíamos ter sofrido um acidente. Eu sempre penso nisso. No dia que bati de carro, será que teria batido se tivesse saído de casa dois minutos antes ou depois? Se não tivesse voltado em casa para buscar um livro? Se eu tivesse comprado outro carro em vez do que eu comprei?

E se eu não tivesse feito aquele curso onde nos conhecemos? E se, depois de seis meses de curso sem ao menos saber o seu nome, eu não tivesse ficado batendo papo com vocês naquela mesa de bar? Teríamos nos conhecido? E se eu tivesse faltado à aula no dia em que vocês foram para o bar, no qual começamos a nos falar? Teríamos tido outra oportunidade?

E se eu não tivesse largado a faculdade de direito e, ao invés de roteirista, hoje eu fosse um juiz ou advogado? Teríamos nos conhecido em outra oportunidade se não em um curso de roteiro? E se algum dos meus sete ou algum dos seus dois namoros anteriores tivessem dado certo? O que teria acontecido? E se eu não tivesse percebido a sua amiga fazendo sinal para te avisar que eu fiquei te olhando enquanto você ia em direção ao banheiro? Eu teria tomado a iniciativa?

E se eu tivesse operado meus seis graus de miopía aos dezoito anos e não ter sido um nerd, e ter seguido uma carreira de atleta ao invés de escritor? Onde teríamos nos encontrado? E se eu tivesse decidido curtir a minha recém solteirice e não tivesse levado você a sério? E se você não tivesse entrado no Facebook quase à uma da manhã quando eu decidi te chamar para sair? Quem sabe o que poderia ter acontecido…

Qualquer um desses “se” poderia ter mudado tudo. Cada um desses e muitos outros mais. E se eu tivesse ido estudar fora? E se eu tivesse saído cedo da aula naquele dia? E se eu tivesse um emprego melhor e não precisasse tanto estudar e correr atrás e tivesse desistido de fazer aquele curso? E se tivesse faltado luz naquele dia e não tivéssemos nos falado no Facebook? Existem milhares de “se” no caminho, e cada um deles, por menores que sejam, podiam ter feito tudo diferente. Por isso que eu não me arrependo de nenhuma escolha que fiz durante a minha vida. Nenhuma delas. Porque, no fim das contas, cada mínima escolha que fiz durante esses trinta e três anos de vida, me levaram até você. Até ter ido a um show dos Los Hermanos quando eu tinha vinte e três anos acabou sendo uma escolha certa. Pra você ver…

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