É melhor fazer silêncio quando o assunto for felicidade
Talvez eu precisasse de algumas horas de conversa para te contar, em linhas gerais, tudo aquilo que passei durante a vida até chegar ao que sou hoje. Precisaria te narrar algumas decepções amorosas, uma porção de sonhos amassados e jogados no lixo como aquelas páginas que a gente escreve chorando, relê e depois descarta. Entrega nas mãos do – nunca mais.
“Nunca mais” talvez tenha sido a frase mais usada por mim durante muito, muito tempo. E até entender que o “para sempre” dura um tempo maior do que as nossas previsões podem dar conta, mudei muita coisa de lugar por dentro de mim. Revi sentimentos, revi sensações, verdades, mentiras, revi a minha história e decidi reescrever os próximos capítulos de forma totalmente despretensiosa, com menos ansiedades e, principalmente, sem tanta pressa de ser feliz.
Aprendi, com o passar das experiências, que é melhor fazer silêncio, quando o assunto for a felicidade. É que talvez o universo não saiba lidar muito bem com as minhas ânsias. Com as minhas vontades. Só para me testar, ou melhor, só para saber o quanto, de fato, quero alguma coisa, ele, o senhor dos destinos, resolve colocar meia dúzia de obstáculos para que eu precise me livrar antes de correr de braços abertos para as realizações.
Talvez a real medida da felicidade seja a persistência. Insistência. A não desistência. A coragem de tentar sempre. Mas, sobretudo, o bico fechado. A boca calada para não entrar moscas, para não fazer o bolo dos sonhos desandar. Solar.
E sim, você pode dizer que essa é só mais uma superstição besta, que é besteira. Que é ridículo. Mas eu, do alto das minhas noites em claro com choro engasgado e frustração por não ter um sonho tão querido realizado, te digo, com a maior das convicções – prefiro ser ostra e esconder a pérola até que ela esteja realmente pronta, viçosa e brilhante para que o mundo a conheça.
Talvez eu precisasse de algumas horas de conversa para te contar, em linhas gerais, tudo aquilo que passei durante a vida até chegar a estas conclusões. Mas como o tempo é curto e a hora já se adianta, quero te dar um conselho, mesmo sem que você tenha me pedido – pega a tua felicidade e esconde debaixo do tapete. Não grita por aí não. Depois que tudo der certo, você volta e me conta se essa não foi a melhor escolha.
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