Edward mãos de tesoura, uma fábula cortante sobre o amor e a solidão
Faz tempo já. Mas relembrar um filme como esse não é uma lição de moral, juro que não. “Edward – Mãos de tesoura” foi um marco rebelde enquanto proposta, das primeiras empreitadas de Tim Burton, uma história que mexeu com a nossa concepção sobre solidão. Um homem pálido, dotado de curiosas tesouras ao invés dos dedos das mãos, despersonifica nossos monstros idealizados e promove uma aproximação que atravessa um tipo de ignorância pré-concebida sobre o outro, tudo dentro de um universo de realismo fantástico.
Edward é um pouco robô, um pouco humano e não dá pra imaginar esse personagem sendo vivido por outro ator senão Johnny Depp. É o inicio de uma parceria duradoura entre ele e Tim Burton. Deep é histriônico, blasé e a sua própria persona já é caricata. É um especialista em tipos exóticos, sem marcação rígida de sexualidade, uma figura que parece nascida para o mundo freak.
Depois de ser construído por um cientista maluco que habitava um castelo no topo de uma montanha – e que morre antes de finalizar sua invenção-, Edward passa a viver sozinho dentro daquele cenário gélido e exuberante até o dia em que é encontrado por uma moradora da cidade que resolve levá-lo para casa e cuidar das feridas que ele tem no rosto, causadas por suas mãos de tesoura. Edward começa a vivenciar um cotidiano novo e vai criando aos poucos uma conexão com a família da moça, mas acaba atraindo também a curiosidade do resto da cidade, principalmente das mulheres, que se sentem curiosas e atraídas por sua aparência misteriosa.
O frisson coletivo aumenta quando Edward começa a esculpir figuras em plantas e a usar sua habilidade com as tesouras trabalhando como cabeleireiro. É aí que ele começa a se envolver com Kim, interpretada por Winona Ryder. Não é difícil prever que a partir desse encontro, se inicia uma história de amor improvável, em que o coração passa comandar os rumos do filme, com uma ajudinha da fantasiosa trilha instrumental de Danny Elfman.
Um filme cativante assim, nos permite pensar sobre a moradia dos sentimentos em contraste com o nosso conjunto de crenças precipitadas. Essas mil histórias de amor entre pessoas que pelo viés superficial não combinariam. Penso principalmente naqueles casais julgados como dissonantes, porque um é feio e o outro é bonito. Essa mania coletiva de julgar merecimentos e eleger cruzamentos adequados por uma lógica fútil. É então que uma escritora chamada Clarisse Vianna nos contempla com esse rico pensamento : “Há gente com uns defeitos tão bonitos que a gente se apega mais a eles que à pessoa. Tem cicatriz por aí que dá de mil no dono”.
7 comentários abaixo sobre Edward mãos de tesoura, uma fábula cortante sobre o amor e a solidão
Muito amor por Eward mãos de tesoura. Fiquei super feliz em poder “mostrar” o filme para meu afilhadinho <3
Não tem como não amar esse filme, esse personagem. <3
Esse filme é fantástico mostra como podemos respeitar o outro mesmo tendo diferença, sem preconceito e que devemos amar uns aos outros. Posso dizer que esse filme mostra que a verdadeira beleza não é vista por todos, mas sim sentida pelo coração de poucos. Que uma das personagens se apaixona por Edward, é um amor verdadeiro, pois ela possui um coração puro e consegue enxergar nele também um coração puro. É um clássico maravilhoso, que me faz chorar quando ele está escupindo um anjo de gelo e uma personagem fica dançando com o gelo caindo sobre sua cabeça como se fosse neve, acho perfeito a cena. Amei o seu texto, maravilhoso, me fez voltar no tempo de adolescente quando assisti o filme, e lembrar é claro do grande talento de Jonny Depp.
Sensacional mesmo ;)
Não tem como não se apaixonar por esse filme, sejamos sinceros! Adorei sua reflexão e concordo muito quando diz dessa “necessidade” que as pessoas têm de ficar julgando os relacionamentos alheios. O amor é puro e singelo, sem rótulos, e assim merece ser vivido!
Deu até vontade de me enfiar debaixo das cobertas e assistir novamente! <333
Beijo! ♥ Primeiro Livro
Esse filme. <3
Esse Texto <3
Esse Edu <3
Hahaha saudades
O primeiro ator a ser convidado para o papel por Tim Burton foi Gary Oldman, que não gostou do roteiro e recusou.