Ele era apaixonante… até eu conseguir conhecer
Eu sempre achei que se blindar de sentimentos é uma atitude covarde. Sempre olhei com desconfiança para as pessoas que não vibram com paixões, que não choram de alegria e não esbravejam numa decepção. Sempre curti profundamente as dores e delícias de todos os sentimentos e levantei a bandeira da entrega; do mergulho; do salto de cabeça nas emoções.
Sigo sendo a menina sonhadora que acredita no poder das lições ensinadas pela emoção, é verdade, mas depois de tropeçar em sentimentos equivocados um bom bocado de vezes, confesso que fica quase impossível não aprender algumas poucas e boas lições.
A verdade, devo admitir, é que com o tempo a gente aprende que há sentimentos que são tão fugazes que só valem o riso fácil, o frio na barriga e o prazer barato daquilo que já desconfiamos desde o princípio que seja pura ilusão.
Paixonite é um desses sentimentos. É aquele encantamento por gente que nem tem encanto. É o interesse por quem nem nos faz bem. É a graça que se vê em quem na verdade só tem graça até a você ter a chance de realmente conhecer.
Quem já viveu esse sentimento sabe que é difícil entender essa miopia que vê qualidades em quem definitivamente não tem encantos que valham nosso tempo, nossos suspiros e o nosso bem querer. Quem já viveu esse sentimento sabe que ele causa certa cegueira mas acaba rápido. Ele acaba no exato momento em que você esfrega os olhos e enxerga que na verdade o que te encantava era o engano. A verdade é só essa: ele era apaixonante até eu conseguir conhecer.
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