Em 2016, seja uma faísca
Dizer que o que faz a riqueza do mundo é a convivência entre os diferentes ficou complicado neste 2015. As marcas da intolerância religiosa, cultural, sexual, partidária e de tantas outras naturezas se espalham como um rastilho de pólvora. Diálogo e tolerância foram substituídos por insultos e pontapés. Esquecemos que um mundo de iguais é massa de manobra. Se queremos ser mais fortes, precisamos ser ainda mais diferentes.
O meu maior desejo para 2015 é tolerância. A paz vem dela. O amor vem dela. A bonança vem dela. O mundo que eu quero deixar para o mundo vem dela.
Não julgar os outros pelo nosso olhar sobre a vida não é fácil. Nossas experiências pesam sobre o que pensamos e não dá pra viver sempre nos dois lados da história. Uma febre pra um pode ser uma bobagem, pra outro uma catástrofe. Um saco de pão pode ser para alguém o óbvio, para outro o melhor presente. Somos únicos e julgar é sempre de fora pra dentro. Julgar é sempre segregar.
Tolerância é empatia. É tentar olhar para as coisas com os olhos do outro sem os óculos das nossas crenças. É aceitar que somos diferentes e ver nisso a possibilidade de construir. Meu irmão é extremamente pragmático e o oposto de mim e muitas vezes pode me ajudar. Tenho amigos que me mostraram religiões incríveis pelas quais não me encantei, mas me deixei acreditar. Tudo que é diferente soma, tudo que é igual divide.
Uma pessoa inspiradora um dia me disse que todo incêndio – da floresta ou do fogão, tanto faz – começa com uma faísca. Em 2016, seja uma faísca e incendeie com tolerância todo o julgamento. Podemos não conseguir mudar o mundo, mas podemos transformar cada um a sua história.
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