Entre nós dois existe química, não há como negar
É um jogo de estica-e-puxa. Eu te largo e você me recupera. Você sai pela porta e eu atravesso a janela para te alcançar. Até os nossos términos, hoje, fazem aniversário. Fazer o quê? Nós dois somos testemunhas de quantas vezes já chegamos à conclusão de que não daríamos mais certo, mas ainda é para o colo um do outro que corremos quando a vida aperta, quando a saudade bate e quando paramos para fazer aquela pergunta que já virou até nome de filme e tem calejado os nossos corações: se não nós, quem? E ninguém ocupa os nossos espaços.
Não somos e nunca fomos um casal exemplo, daqueles de propaganda de margarina. Definitivamente, não. Expusemos os nossos defeitos um para o outro com o simples motivo de dizer – sou assim, me disponho a mudar um tanto, até. Se você quiser ficar, serei feliz. E fomos ficando. Enroscando-nos cada vez mais um no cangote do outro até que o frio de fora do nosso amor era grande demais para que perdêssemos aquele lugar quentinho que já tem a nossa forma. O nosso jeito. O sabor familiar.
Os nossos amigos já nem perguntam mais como estamos. Eles sabem que nunca estamos nada. Nem bem, nem mal, só juntos mesmo. Porque, no fim das contas, acho que é assim que todos deveriam estar. Dramas reais acompanham casais reais. O restante é só pose para as fotos. Para calar as bocas alheias enquanto nos beijamos de olhos fechados no meio da semana, no meio de uma quarta-feira, no meio da cama, no meio da chuva, no meio da rua, no meio do trânsito. E as vozes alheias, nestes momentos, são tão inaudíveis quanto os gritos de socorro de uma formiga que foge quando a chuva cai.
Entre nós dois existe química, não há como negar. Existe uma coisa que queima e nos consome, lentamente, até que estejamos cansados o suficiente e nos rendamos ao sono. Mas a gente nunca dorme dentro do nosso amor. Estamos sempre de olhos abertos e malas prontas. Já fomos embora tantas vezes, que, agora, nem arrumamos mais as roupas no armário. E para quê roupas, não é mesmo? Se for para durar pouco tempo, que gastemos o que resta celebrando o que temos de melhor um pelo o outro – o amor. E que ele seja intenso enquanto dure.
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